No Especial das Mulheres do Café com Mogi News, a entrevistada do episódio desta semana é Marisa Shibata, diretora administrativa do Grupo Shibata, que tem 29 lojas em 16 cidades do Estado, com um contingente de quase seis mil colaboradores. Na entrevista, ela conta um pouco de sua trajetória, inspirada pelos homens e mulheres de sua família, especialmente a avó Kimie Shibata, e os marcos da rede de supermercados que este ano completa 47 anos. Destaque para o despertar para o cuidado ainda mais centrado em si própria e na família, com os filhos João Guilherme, Isabele e Luísa, aderindo à atividade física e a uma alimentação mais equilibrada. 

Formada em relações públicas, Marisa trabalhou no Grupo Pão de Açúcar antes que o Grupo Shibata retomasse as atividades em Mogi das Cruzes, e também atuou nos Estados Unidos. Seu primeiro grande desafio na rede da família foi administrar o hipermercado da Vila Industrial. Outro marco importante de sua trajetória, ocorreu por volta de 2005, quando passou a fazer parte da diretoria, em conjunto com os primos Fernando, Anderson, Eric e Edson, em um trabalho conjunto com o conselho formado por seu pai, João Shibata; os tios Antonio e Paulo, e os sócios Osvaldo e Rubens Kimoto.

Entre suas inspirações, a avó Kimie, mãe de seu pai, que deu aos homens da família uma visão diferenciada para as mulheres, enxergando desde sempre seu potencial. "A forma como os homens tratam as mulheres tem muito do que minha avó passou para eles. São homens que cuidam das mulheres, as admiram. Se não fossem os homens, a gente não teria tido essa oportunidade", contou Marisa, que também sempre foi estimulada por seu pai e sua mãe, Fumie Makita, ao buscar o que realmente gostava de fazer e a não ficar acomodada. Saiba mais nesta entrevista especial, em parceria com a Padaria Tita. 

Café com Mogi News: Como foi o início da sua trajetória? 
Marisa Shibata: Eu cresci dentro do supermercado e convivi muito com a família, acompanhando o dia a dia e o inicio difícil que eles tiveram. Foi natural buscar profissão que pudesse ajudar a família. Eu estudei Relações Públicas na FAAP em São Paulo, onde aprendi com minhas amigas e professores a buscar formas para sermos uma empresa bem-sucedida. Meu pai sempre me estimulou a sempre trabalhar fora, e fui trabalhar no Grupo Pão de Açúcar, fiz questão de trabalhar junto com a Vera Giangrande, que foi ombudsman. Nesta fase da venda, eu atendia todas as reclamações, inclusive por não ser Shibata. 

Nesse inicio da minha carreira, eu tive como inspiração a dona Vera, que era uma mulher com determinação e conhecimento. Aprendi muito com ela e ela falava muito de encantar os clientes. Eu tive também a oportunidade de estudar e trabalhar nos Estados Unidos, mas depois das Torres Gêmeas meu pai insistiu para eu voltar e me tornei motorista dele, rodando todas as lojas da rede. Eu comecei a trabalhar no grupo na área de qualidade, fazendo auditorias e treinamentos, tive o apoio da nutricionista Elian, que está no grupo até hoje.

Depois, ganhei a loja da Vila Industrial, onde tive o apoio do gerente José Maria. Eu comecei a carreira como gestora de uma loja, com a responsabilidade de cuidar dos colaboradores, apresentar resultados, com o apoio da família toda, mas com uma responsabilidade maior. 

CMN: Os homens também te inspiraram nessa trajetória?

Marisa: Eu acho que a minha avó Kimie, mãe do meu pai, foi um exemplo de mulher para mim, minhas e toda família. A forma como os homens tratam as mulheres tem muito do que minha avó passou para eles. São homens que cuidam e admiram as mulheres. Se não fossem os homens, a gente não teria tido essa oportunidade. Minha avó teve esse papel de educar e ensinar, e hoje somos uma família muito unida, de pessoas que batalharam muito. A união e o respeito são a base que eles construíram e hoje a nova geração que está colhendo bons frutos. Parece complexo, mas é o equilíbrio que a gente tem. As mulheres se sentem respeitadas, têm oportunidades, somos admiradas como nós também os admiramos. Nós temos muito a agradecer aos homens da nossa família. 

CMN: Voltando a sua trajetória, como foi esse caminho até os dias de hoje? 

Marisa:  Meus pais sempre me estimularam a buscar o que eu realmente gostaria de fazer, a nunca ficar acomodada, sempre buscando novos conhecimentos e experiências. Eu tive essa oportunidade de morar fora e sem culpa. Minha mãe (Fumie Makita) me apoiou bastante também. E quando trabalhei nos Estados Unidos, voltei com outra cabeça, para valorizar cada detalhe do que minha família tentava me mostrar no dia a dia. Você volta com uma gratidão imensa pelo que você tem. 

Antes do meu pai falar sobre juntar todos os primos – Fernando, Anderson, Eric, Edson e eu, por volta de 2005, 2006, cada um cuidava de uma loja, e foi depois que começamos a trabalhar como diretores da Rede Shibata, com os pais sempre atuantes. Eu não era mais a Marisa da Vila Industrial, todas são hoje minhas lojas. Nós tivemos uma empresa de consultoria que nos ajudou a trabalhar os indicadores de gestão, trabalhamos questões de afinidade, de relacionamento, as competências. Foi o momento da geração nova se unir para conseguir fazer a gestão, e desde então estamos crescendo. Hoje são 29 lojas em 16 cidades, uma grande responsabilidade com quase 6 mil colaboradores. Nós e o Conselho, com o meu pai, seu Antonio, seu Paulo, seu Rubens e seu Osvaldo, participando de reuniões semanais, falando de resultados, com os regionais, os gerentes, as lideranças. 

CMN: E como tem sido esse trabalho?

Marisa: A gente sempre fala que nós estamos bons, mas dá para ficar melhor. Nosso escritório novo foi um marco, porque estávamos crescendo mas não tinha espaço. Nós acreditamos na expansão da rede, sabemos que vamos crescer e precisamos nos estruturar para isso. A gente vê que é um prédio, mas é um prédio que pode acolher várias pessoas para um treinamento e também toda uma área estratégica da empresa. Todos falando diretamente sobre tudo que acontece e agindo juntos.

Meu pai sempre fala: 'se você não tiver uma base, a queda é muito alta'. O acompanhamento deles (os conselheiros) é essencial e a humildade para aprender sempre. A gente aprende com eles, e eles aprendem com a gente. Nós sabemos que todo dia é dia de aprender, e é o que nós queremos passar  para próxima geração, para a liderança das lojas, pois temos que ter essa identidade. Eles precisam entender essa cultura, porque damos muito valor para a família. O que a gente passa para as pessoas que ficam direto com a gente é: não vamos perder essa essência, vamos reforçar sempre isso.

CMN: Como é a sua rotina?

Marisa: Quando eu tive o João Guilherme, eu já estava na loja. Eu sempre quis ter filho, sempre planejei. Essa gravidez não foi exatamente como eu pensei, mas eu tive as minhas irmãs que me ajudaram muito, minha mãe e minha sogra. Eu tenho três filhos: João Guilherme, Isabele e Luísa, e em cada fase eu tive uma babá. Eu comecei com a Karine, que me ajudou bastante e ficava comigo no escritório, era uma rotina muito corrida. Às vezes eu estava amamentando e trabalhando, eu não dividia e hoje me arrependo. Até falo para minha filha: “a mamãe estava com todo amor ali”. Eu tive a Ieda, que é esposa do Zé (José Maria), que também me ajudou bastante na minha fase de trabalho e filhos. Agora eu estou com a Sonia, que é meu braço direito. Ela me ajuda em casa, leva as crianças aos lugares e tudo mais. Se não fossem essas mulheres, eu não sei o que faria. Eu sou muito grata pela ajuda.

Para ser mãe e empresária, houve sim sacrifícios, mas eu fiz de uma forma balanceada. Eu aprendo todos os dias como mãe. Hoje eles já estão todos grandes, com 17, 15 e 12 anos. A gente se policia bastante em casa, com nada de eletrônicos enquanto nós estamos comendo para gente poder conversar. Precisa ter aquele momento no dia, porque eles estão na correria da escola e a gente na correria do trabalho.

No passado, eu não conseguia administrar bem isso, mas hoje eu já consigo ficar com meus filhos, fazer uma atividade física, consigo cuidar de mim, coisa que antes eu não tinha tempo. Eu chegava em casa e ficava trabalhando até tarde, então antes eu não me priorizava, mas hoje eu dou o exemplo em casa e falo: “a gente tem que cuidar da gente”. Eu vou para academia, eu levo meus filhos, pois esse hábito de cuidar da saúde tem que começar desde cedo. Querendo ou não é um momento que nós temos juntos, e assim a gente vai vivendo.

Entrevista continua na próxima quinta-feira (30).

(Colaborou Eduarda Martins)