Bernie Madoff, o financista que se declarou culpado por orquestrar o maior esquema de pirâmide financeira da história (conhecido como esquema de Ponzi), morreu ontem numa prisão federal nos EUA, aos 82 anos. A causa da morte não foi informada.

No ano passado, advogados de Madoff apresentaram petição para tentar tirá-lo da prisão em meio à pandemia de Covid-19, com o argumento de que ele sofria de doença renal em estágio avançado e de outros problemas médicos crônicos. O pedido foi negado. O jornal Washington Post informou, à época, que Madoff precisava de cuidados médicos 24 horas por dia e só se locomovia em cadeira de rodas.

Madoff, um operador renomado de Wall Street e fundador da Bernard L. Madoff Investment Securities LLC, cumpria pena por prejudicar milhares de clientes em fraudes que envolveram bilhões de dólares ao longo de décadas - na época em que foi preso, em 2008, o esquema era estimado em US$ 65 bilhões. Em 2009, foi sentenciado a uma pena de 150 anos de prisão.

A fraude pela qual foi condenado era feita da seguinte forma: a empresa de Madoff atraía os investidores oferecendo níveis de rentabilidade que chegavam a 1% ao mês, ou seja, mais de 10% de retorno no investimento por ano. Ele, então, utilizava o dinheiro desses novos investidores para pagar clientes antigos, que queriam resgatar os recursos aplicados.

Pirâmide

O esquema funcionava porque os rendimentos não eram pagos aos investidores todo mês, apenas acompanhado por eles. Esse dinheiro só seria devolvido ao cliente quando este resgatasse seu investimento. O problema é que, diante de grande demanda por resgates em decorrência da crise financeira de 2008, o fundo de Madoff ficou sem dinheiro para pagar os investidores e a fraude veio à tona.

Vida de luxo

O dinheiro das fraudes fez com que Madoff e sua esposa, Ruth, desfrutassem de luxos como uma cobertura em Nova York, uma vila francesa e carros e iates caros, com um patrimônio líquido de
US$ 825 milhões. Mas ninguém da família de Madoff estava no tribunal de Manhattan quando o juiz distrital Denny Chin o condenou.

E nenhum familiar, amigo ou apoiador apresentou cartas atestando seu bom caráter ou ações em apoio ao pedido de clemência.

Poucos dias após a prisão de Madoff, começaram os esforços para tentar recuperar o dinheiro das pessoas que investiram com ele. (E.C.)