Após temporada de sucesso na Oficina Cultural Oswald de Andrade, em São Paulo, o espetáculo "Do Amor", do francês Philippe Minyana, tem única apresentação nesta quinta-feira no Teatro Vasques (rua Dr. Côrrea, 515, largo do Carmo) às 20 horas. A entrada é gratuita, mas o ingressos devem ser retirados com uma hora de antecedência. Francisco Medeiros assina a direção desse texto contemporâneo e, até então, inédito no Brasil, que teve tradução da atriz Amanda Banffy.
O autor mostra a passagem do tempo na vida de dois casais, desde a juventude até o fim da vida, destilando nas entrelinhas uma ironia ferina, temperando tudo com um humor mordaz e impiedoso. Os acontecimentos ordinários da vida, como amor, envelhecimento e morte, são questões fundamentais à obra. Os personagens Christina, Bob, Ted e Mylène são figuras mutantes, múltiplas, contraditórias. Não há caracterizações físicas e a interpretação é revezada pelos casais de atores Amanda Banffy e Carlos Baldim, Leonardo Antunes e Laís Marques.
A linguagem dramatúrgica de Philippe Minyana em "Do Amor" explora a palavra cotidiana e a transforma em teatro épico. A banalidade da ficção e do discurso é reforçada por um dispositivo textual original. Além do texto dos atores, as rubricas descritivas e poéticas (sobre tempo, silêncio, pássaros) são ditas por um comentarista, chamado Voz Off, e as narrativas por outro, denominado Texto. Faladas por todos os atores, em revezamento, essa rubricas divagam sobre a atitude dos personagens contradizendo-os ou se reportando ao interlocutor. Esses diálogos polifônicos criam discrepâncias, oposições e rupturas particularmente ricas e fantasiosas.
A cenografia (Heron Medeiros), a iluminação (Igor Sane), o figurino (Marichilene Artisevskis) e a trilha sonora (Dr. Morris) têm papel fundamental na encenação de Francisco Medeiros, sendo agentes de configuração que expõem as dimensões da peça.