Na noite deste sábado, o teatro do Sesi de Mogi das Cruzes apresenta a comédia teatral "Borandá", do grupo paulista Fraternal Cia. de Arte. A atração faz parte do programa Sesi Viagem Teatral e começa às 19 horas. A unidade fica na rua Valmet, 171, em Brás Cubas. A entrada é gratuita, mas é necessário a apresentação de ingressos, que serão distribuídos uma hora antes da apresentação. Reservas antecipadas podem ser feitas pelo "Meu Sesi" no site www.sesisp.org.br/meusesi .A classificação é livre. Mais informações pelo telefone 4723-6900.
O espetáculo "Borandá" conta a história de imigrantes nordestinos que se mudam para a capital paulista em busca de novas oportunidades. Em cartaz desde 2003, a peça conta com o talento de quatro atores do grupo, Mirtes Nogueira, Aiman Hammoud, Carlos Mira e Fábio Takeo. "O espetáculo surgiu depois de um estudo e entrevistas realizadas com 15 famílias de imigrantes que nós fizemos num período em que ficamos no Teatro Paulo Eiró, em Santo Amaro. Na ocasião, as famílias contaram sobre a sua adaptação na cidade grande, e as diferenças sentidas por eles em coisas simples, como comidas típicas, sotaques e trânsitos", explica Hammoud, um dos integrantes.
Segundo o ator, retratar as histórias típicas do Nordeste e as diferenças entre as regiões causa empatia com o público, que sempre consegue identificar pessoas próximas entre os personagens. "Já passamos por muitos lugares com o espetáculo e a recepção do público é sempre gratificante. São histórias reais, depoimentos que foram transcritos e transformados em personagens fáceis de serem encontrados por aí. Muita gente se vê nas histórias contadas, ou lembra de um parente e amigo que passaram por isso", destaca o ator.
"Borandá" conta três histórias diferentes, a primeira sobre o personagem Tião, que é um imigrante comum que começa a trabalhar na construção civil de São Paulo, e, com o passar do tempo, nunca mais volta para a sua terra natal. A segunda fala sobre Galetéa, baseada nas histórias místicas, o personagem é obrigado a sair de seu lugar de origem em busca de algo que lhe foi tirado. Já a terceira história tem como personagem principal Maria Déia, uma mulher que foge do marido que a agride e tenta sobreviver na cidade grande para cuidar de seus seis filhos. "A história de Maria é real, foi um dos depoimentos em que menos mexemos. Poucas coisas foram inseridas ou inventadas para a peça", afirma Hammoud.
O grupo
Fraternal Cia. de Arte, é um grupo fundado em 1993, e que, desde então, realiza o projeto de pesquisa Comédia Popular Brasileira, que tem o intuito de abordar temas populares e buscar uma identificação com o público. "Entre os processos das nossas pesquisas e estudos está a observação das pessoas o tempo todo. Às vezes, um trejeito, uma característica remete a situações corriqueiras ou determinantes de um lugar ou uma geração e nem percebemos. Muitas vezes, nos deparamos com pessoas que muitos acham que não se encaixariam em um palco, mas, pelo contrário, são pessoas reais, e que causam identificação com o público", conta o ator.
Nestes 22 anos de trajetória, o grupo teatral desenvolve espetáculos com personagens da cultura brasileira de forma cômica. "Nosso ideal é mostrar que a comédia possui tanta relevância quanto o drama e os demais gêneros. E que podem ser muito reflexiva, de um jeito único. A comédia permite que as pessoas se vejam na história e pensem a respeito. Não fazemos comédia pensando no riso pelo riso, são temas interessantes. E as pessoas são uma parte fundamental, porque são delas que tiramos inspirações", declara Hammoud. (Estagiária sob supervisão de editores)