Sem querer definir a estupidez, parceira contumaz da ignorância, ouso a todos animar, se é que ainda não se tocaram: líderes estúpidos tornam todas as regras e normas estúpidas; educandários estúpidos fazem da competência estupidez; estupidez cria em companheiros comportamentos estúpidos; estúpido faz de qualquer iniciativa, um ato estúpido; comida estúpida torna a saúde plena de estupidez; cama estúpida torna qualquer sono, também, estúpido.
Ao criar ideias estúpidas, o que não esperar senão decisões estúpidas? Roupas estúpidas tornam a aparência estúpida; religiões estúpidas só patrocinam crenças estúpidas.
Só para completar, quando vamos nos livrar da estupidez em nossas mais do que estúpidas curtas vidas, acendendo uma vela ao bom senso da filosofia redentora?
Sob a mais escura estupidez, nunca se valorizou tanto o culto do irracional. Nunca se estudou ou pesquisou tanto, e, contudo, a civilização da máquina desnorteou o homem com relação ao discernimento e ao controle racional de sua vida.
Perde-se o senso do objetivo, e cultiva-se os esforços, até o limite da exaustão. Valoriza-se o trabalho, o que dentro de determinados parâmetros é válido, mas perdeu-se o sentido da produção humana.
Sob o energúmena cobertura de um nada palatável PIB (Produto Interno Bruto), produzir cada vez mais, para quê?
Assim, para a mudança de paradigma na atualidade, sob a bandeira da filosofia, talvez o mais importante seja aquele relacionado ao plano pessoal. Nas duas últimas décadas, provavelmente, milhões de pessoas passaram por transformações drásticas em seus valores, percepções e formas de se relacionar entre si e com o mundo.
Por que isto está acontecendo? Uma razão é alguns terem percebido que, uma vez tendo alcançado o fim de seus esforços para obter: casas mais bonitas, maiores e mais valiosas; carros mais vistosos e mais caros; sapatos para todos os dias do ano; poder ter o mundo dentro de casa por meio de um dispositivo eletrônico, o que resta é o vazio. O mesmo vazio que tentaram preencher com bens e com a conquista do sucesso financeiro.
A visão materialista estabelece: mais dinheiro é igual a uma vida melhor! Porém, tendo adquirido mais e tendo descoberto que o vazio permanece, a conclusão é: a premissa materialista está errada!
O que, então, está nesta balança? Nossa percepção da realidade. Quem é a balança? Somos nós. E a maneira como encaramos a realidade que nos é proposta para viver. Um espaço mais do que fértil para o surgimento da filosofia, e para tentar dar sentido a tudo o que nos envolve.