No dia a dia, um rapaz tímido, reservado e que se dedica à arte de ensinar música para as pessoas de todas as idades. Sobre o palco, à noite, há uma transformação. Admirador do trabalho de Ney Matogrosso e da banda Secos & Molhados, que fez grande sucesso na década de 1970, o músico mogiano André Luiz Mello canaliza as energias do cantor mato-grossense e o encarna quando dá vida ao "Especial Ney Matogrosso e Secos & Molhados", projeto realizado há oito anos e que pode ser conferido hoje, às 19 horas, no Espaço Cultural João de Miranda Ortiz. O centro cultural fica na rua Coronel Cardoso Siqueira, 1.334, na Vila Oliveira, em Mogi das Cruzes. Os ingressos custam R$ 20. Informações: 4312-8198.
Inserido no mundo da música desde a década de 1990, quando conciliava a profissão de professor particular com a carreira de músico, Mello se interessou pelas canções do conjunto Secos & Molhados na infância, nos anos 1980. Entretanto, ele não imaginava, apesar de conseguir imitar desde criança, às escondidas, os trejeitos de Matogrosso, que a presença do cantor seria tão latente em sua vida. Isso porque, incentivado pelo irmão Carlos Mello, decidiu levar em consideração os relatos de várias pessoas, que insistiam em dizer que a sua voz se parecia com a do músico, e investir em dar vida às canções do eterno intérprete de "O Vira", "Rosa de Hiroshima" e "Sangue Latino".
"Quando iniciei, com o meu irmão, o projeto 'Especial Ney Matogrosso e Secos & Molhados', decidimos que eu faria as apresentações caracterizado, com maquiagem e fantasias, assim como o próprio Ney fazia na época do Secos & Molhados. Em outras, todos os músicos também se cacterizariam. No início, era apenas uma brincadeira, que, conforme o tempo passou, foi se transformando em algo sério. A partir daí começamos a escolher as músicas para o repertório com mais cuidado, além de passar a me preocupar a ser o mais fiel possível às expressões corporais do cantor", comenta o profissional, que concilia o seu tempo com aulas de música no Espaço Cultural João de Miranda Ortiz e em escolas da cidade. Ele foi convidado para se apresentar no local por meio de Bruna Panegassi, gestora do centro cultural.
Para que conseguisse levar o público ao universo de Matogrosso, Mello foi auxiliado por amigas que têm experiência em expressão corporal. Além disso, treinava os movimentos do cantor em frente ao espelho e assistia a vídeos, com a finalidade de comparar se a forma que se mexia era semelhante a do músico. "Muitas amigas me ajudam a construir o personagem. Normalmente, eu que me maquio, levando cerca de 30 minutos. Às vezes elas se oferecem para fazer isso, o que leva um tempo maior, porque são bem mais cuidadosas e detalhistas em comparação a mim. As mulheres são presença constante na minha carreira", brinca ele, que divide o palco, hoje, com os músicos Carlos Mello, Rafael Pareira, Ricardo Vergueiro e João Rafael. Nesta apresentação, há a possibilidade de todos estarem caracterizados, já que, além de ser uma apresentação especial, Mello completa 42 anos.
Com um público de todas as idades, composto por pessoas nascidas ou não na década de 1970, as apresentações são emocionantes. "O público se envolve e, além de cantar, dança e chora. Muitos jovens conhecem o trabalho do Ney Matogrosso e do Secos & Molhados pelas apresentações que fazemos", celebra.