Em parceria com o ilustrador Luiz Carlos Fernandes, o jornalista Evaldo Novelini, que mora em Mogi das Cruzes, é autor do livro "Como Um Cavalo Salvou a Vida de Um Preso Político", lançado pela Editora Boitatá em agosto, que conta que houve época em que um animal era mais bem amparado pela lei do que uma pessoa. Nesta terça-feira, às 20 horas, o livro será lançado na Câmara Municipal de Mogi das Cruzes, localizada na avenida Vereador Narciso Yague Guimarães, 381, Centro Cívico. 
"Trata-se de episódio obscuro da história brasileira", revela Novelini, que é editor-chefe do jornal Diário do Grande ABC. O livro, narrado em quadrinhos, reconta a batalha jurídica do advogado mineiro Heráclito Fontoura Sobral Pinto (1893-1991) para livrar o ex-deputado alemão Arthur Ernest Ewert, também conhecido como Harry Berger (1890-1959), dos maus-tratos sofridos na prisão. Acusado de liderar a revolução comunista de 1935, com Luís Carlos Prestes (1898-1990), ele era um dos presos políticos da ditadura de Getúlio Vargas.
Ao procurar lei na qual baseia o habeas corpus em favor do detento, todavia, o defensor descobriu que não existia nenhuma. "Foi então que ele se lembrou de que havia lido no jornal a notícia de que um homem havia sido condenado à prisão, em Curitiba, por ter morto seu cavalo a pancadas", revela Novelini. Após pesquisar, Sobral Pinto inteirou-se de que a condenação ocorrida na capital paranaense havia sido baseada no decreto 24.645, de proteção e defesa dos animais, assinado em 1934 pelo próprio Vargas. Anistiado em 1945, Berger deixou o manicômio judiciário para ser internado na Casa de Saúde da Gávea. Em 26 de junho de 1947, retornou à Alemanha natal, onde morreu aos 3 de julho de 1959, aos 69 anos. O projeto foi um dos contemplados pelo Programa de Ação Cultural (ProAC), da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, que concedeu bolsa de R$ 40 mil para a dupla executá-lo.