Na tentativa de retratar o cotidiano das cidades brasileiras, folhetins de tons naturalistas assumem o compromisso de serem o mais coerentes possível com a realidade. No Brasil, por se destacar no setor de dramaturgia, a Globo é uma das emissoras que mais busca esse preciosismo técnico. "O primeiro passo para se construir um cenário a partir de uma cidade ou região existente é pesquisar, fotografar e catalogar todas as informações do local. É um trabalho minucioso, difícil e importante para dar formato à novela", ressalta o renomado cenógrafo Mário Monteiro. Funcionário da casa há mais de 30 anos, ele deu "cara" aos ambientes de clássicos como "Dancin' Days" e às duas versões de "Gabriela". Em "I Love Paraisópolis", Monteiro garante que chegou ao ápice no quesito cenografia realista.
Áreas periféricas, subúrbios e favelas estão, definitivamente, na ordem do dia na teledramaturgia. A recém-finalizada "Babilônia" entra para esse time, por exemplo, ao reproduzir uma parte do Morro da Babilônia e do bairro do Leme, onde a favela fica, na Zona Sul carioca. Em 2012, "Salve Jorge" retratou o cotidiano do pacificado Morro do Alemão, na Penha. E ano passado, foi a vez de Santa Teresa, simpático bairro residencial do Centro do Rio de Janeiro, ambientar cenas de "Império". 
Recentemente, cenógrafos da Record construíram um pedacinho do bairro do Brás, região central e um tanto degradada de São Paulo, para as cenas de "Dona Xepa", de 2013.
Cenografia de época também exige cuidados especiais, mas é um trabalho que permite mais licenças poéticas que os contemporâneos. Especializados em produções bíblicas, os cenógrafos da Record trabalham de forma livre para retratar a região do Oriente Médio de muitos anos antes de Cristo. (T.P.)