Fãs do argentino Diego Maradona e policiais entraram em conflito na tarde de ontem, em Buenos Aires, do lado de fora da Casa Rosada, local do velório do astro. Por volta das 15h30, um grupo de pessoas tentou derrubar as grades de proteção para ganhar espaço na longa fila. A polícia local respondeu com balas de borracha, gás lacrimogêneo e prisões para dispersar o tumulto. O cortejo rumo ao cemitério teve início por volta das 18 horas e chegou às 19h10.
No meio da grande aglomeração de pessoas na esquina da avenida de Mayo com a 9 de Julho, perto da Casa Rosada, foram registrados empurrões, correria e gritos. Enquanto alguns tentavam furar a fila, a polícia reagiu e começou a dispersar o tumulto. As balas de borracha também feriram algumas pessoas, que tiveram de receber atendimento médico. Houve também o uso de caminhões hidrantes e de motos para fazer com que alguns se afastassem da região.
Alguns fãs reagiram à ação da polícia com o arremesso de garrafas e hidrantes. Diante da violência, famílias com crianças pequenas tiveram de fugir pelas ruas secundárias enquanto a polícia avançava. A fila para entrar no velório de Maradona tinha mais de 20 quadras de extensão. Durante o tumulto, alguns invadiram a Casa Rosada. Por precaução, o caixão do ídolo foi transferido para um outro salão.
A confusão teve início perto do fim do velório, que a pedido da família terminou às 16 horas. Com longas filas desde a madrugada, o público estava muito ansioso para passar pelo salão onde ficou o caixão do ídolo argentino. Por causa dos cuidados com a pandemia do coronavírus, a presença foi restrita a no máximo 20 pessoas por vez.
Após o velório, o corpo de Diego Maradona foi enterrado no cemitério Jardín Bella Vista, a cerca de 40 quilômetros da capital argentina junto de seus pais, Diego e Dalma.
A Argentina passou a noite em claro, esperando a chegada do corpo de Maradona à Casa Rosada. Desde o entardecer de quarta, centenas de pessoas já se acumulavam na região que compreende o Obelisco até as proximidades da Praça de Maio, que fica em frente à sede do governo, para esperar a chegada do corpo do ídolo.
Uma homenagem em forma de aplausos e cânticos entoados exatamente às 10 horas da noite - fazendo alusão ao camisa 10 - aconteceu na quarta-feira. Na mesma hora, todos os estádios de futebol do país acenderam as luzes. O ato se repetiu às 10 horas da manhã de ontem.
A chegada do corpo de Maradona à Casa Rosada aconteceu por volta das 4 da manhã, mas o acesso ao caixão, fechado, coberto por camisetas da seleção argentina, Boca Juniors e bandeira nacional, foi permitido ao público às 6 horas. "Eu tive uma infância difícil e, por muito tempo a melhor coisa da minha vida foi ver o Maradona jogar", disse um torcedor mais velho que esperava na fila quilométrica na porta da Casa Rosada.
Ele refletiu o sentimento de cerca de 40 milhões de argentinos que choram a morte do camisa 10. A fila para se aproximar do caixão de Maradona se formou na extensão da avenida de Mayo. Pessoas esperavam para despedir-se de Diego. O clima era parecido ao da entrada de um estádio de futebol em dia de final de campeonato, embalado pelas conhecidas canções de "cancha" que os argentinos tanto gostam.