O Outubro Rosa se encerra com uma notícia importante para as mulheres: de 2009 a 2014, o número de cirurgias de reconstrução de mama saltou de 18 mil para 103 mil, mudando de 3% para 8,4% do número total de cirurgias plásticas realizadas no País. Os dados são resultado de um levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBPC) envolvendo 5.800 médicos e membros da entidade.
Classificada como reparadora, esse tipo de cirurgia restaura a forma, a aparência e o tamanho dos seios em mulheres submetidas à mastectomia devido ao câncer de mama. Este é o segundo tipo de tumor mais frequente no mundo e com maior incidência no sexo feminino, respondendo por 22% dos novos casos a cada ano, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Coberta pelo sistema público de saúde (Lei 12.802/2013), a reconstrução mamária, feita por um cirurgião plástico, simultaneamente ao tratamento do câncer, se possível, traz benefícios às mulheres. "A cirurgia reconstrutiva da mama promove melhor percepção da autoimagem, recuperando a autoestima e a qualidade de vida da paciente, além de aumentar a adesão ao tratamento e retorno mais breve às atividades diárias", esclarece o dr. João de Moraes Prado Neto, presidente da SBCP.
Esse aumento de 85 mil novas reconstruções mamárias nos últimos cinco anos revela um avanço no tratamento do câncer de mama e a valorização da cirurgia plástica reparadora. Isso porque demonstra que hoje a comunidade em geral reconhece que é necessário um trabalho multidisciplinar para combater a doença e alcançar resultados melhores. Também reforça a importância das intervenções reparadoras, muitas vezes subestimadas e equivocadamente vistas apenas com funções estéticas.
Segundo o cirurgião plástico Alexandre Fonseca, um dos coordenadores da pesquisa e membro-titular da SBCP, em muitos casos, a cirurgia reparadora pode significar a diferença entre querer viver ou não. "Os seios são símbolos de feminilidade, a retirada sem reconstrução pode significar muito sofrimento, com casos sérios de depressão, além de problemas de relacionamento social e familiar. Não à toa que a reconstrução é um direito conquistado pelas brasileiras e vista como uma das etapas indispensáveis do tratamento", avalia.
Esse crescimento ainda envolve maior número de centros médicos disponíveis para realizar reconstruções mamárias e de cirurgiões plásticos capacitados. "Somado a esse quadro é importante ressaltar a evolução técnica da cirurgia reparadora da mama nos últimos dez anos", complementa o cirurgião plástico Luiz Henrique Ishida, que integra a diretoria da SBCP. "Há técnicas distintas de se reconstruir a mama, adaptadas a cada caso. Usamos, por exemplo, enxertos de tecidos de outras áreas do corpo, como abdômen, costas e glúteos, possibilitando maior refinamento estético. Temos opções variadas para reduzir impactos físicos e psicológicos", informa o médico.