O Alto Tietê deve ser impactado com a tarifa de 50% sobre os produtos exportados que os Estados Unidos oficializaram na última quarta-feira (30), com início previsto para o dia 6 de agosto. O Sindicato do Comércio Varejista do Alto Tietê (Sincomércio) destacou a importância de o governo brasileiro atuar junto aos canais diplomáticos para defender os setores atingidos e ampliar a lista de isenções.
Para o presidente do Sincomércio e da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Mogi das Cruzes, Valterli Martinez, a decisão impacta a cadeia de fornecimento, principalmente de itens com origem ou insumos importados, o que pode gerar aumento de custos, dificuldade de reposição e perda de competitividade para os comerciantes.
Produtos como café e derivados, carnes bovina, suína e de frango, frutas tropicais, pescados, calçados, artigos têxteis, cosméticos, produtos de higiene e máquinas e partes industriais específicas sofrerão a tarifa adicional de 50%, segundo o Sincomércio. Já itens como suco e polpa de laranja, castanha-do-Pará, minério de ferro e ferro-liga, petróleo bruto e combustíveis, carvão, aeronaves civis, motores e peças, celulose, madeira, papel e metais como alumínio, cobre e metais preciosos estão isentos da taxação.
O momento, segundo a entidade, é de atenção e diálogo. “Já estamos conversando com empresários da região, avaliando os setores mais sensíveis e buscando informações técnicas para orientar os lojistas. O comércio precisa estar preparado para possíveis reajustes de preços e mudanças no comportamento de consumo”, ressaltou Martinez.
O Sincomércio reforça que está em contato com a Fecomércio-SP e com outros órgãos ligados ao comércio para acompanhar os desdobramentos e defender os interesses dos empreendedores do Alto Tietê. “A medida é de ordem internacional, mas afeta diretamente o nosso dia a dia. Vamos continuar monitorando e levando informação ao setor para mitigar os impactos. E, sem confronto político, é importante que o governo brasileiro atue junto aos canais diplomáticos para defender os setores atingidos e ampliar a lista de isenções”, concluiu o presidente da entidade.
Indústria
O Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) do Alto Tietê informou que não vai se pronunciar por enquanto sobre a medida oficializada pelo governo americano, “até concluir uma análise técnica e sóbria sobre os impactos, trabalho que já está em desenvolvimento na entidade”.
No último dia 15, o Ciesp havia manifestado preocupação diante do atual embate entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. Na ocasião. o Ciesp destacou que faltavam argumentos concretos para justificar a tarifa de 50% nas importações brasileiras e contestou a justificativa do presidente americano sobre a balança comercial desfavorável, apontando que apenas na última década o superávit americano no comércio de bens foi de US$ 91,6 bilhões, chegando a US$ 256,9 bilhões incluindo serviços.
Segundo o Ciesp, de janeiro e maio, os Estados Unidos foram o principal destino das mercadorias exportadas pelo Alto Tietê, totalizando US$ 93,5 milhões em vendas.