A Câmara Municipal de Mogi das Cruzes rejeitou na tarde da última quarta-feira (9) o requerimento de convocação do secretário adjunto de Governo do município, Rubens Pedro de Oliveira, a dar explicações para o Poder Legislativo sobre suposta prática de assédio moral contra uma vereadora.

O requerimento, de autoria do vereador Iduigues Martins (PT), foi apresentado com base nas falas da vereadora Maria Luiza Fernandes (SD), a Malu Fernandes, ao final da sessão de terça-feira (8). No espaço destinado a explicações pessoais, a parlamentar afirma que foi procurada por um subalterno da Pasta, cujo nome não foi citado, que teria pedido à vereadora para mudar seu posicionamento, e que enquanto ela estivesse crítica à administração em pedidos de informação e requerimentos sobre a educação, as “portas estariam fechadas”.

Durante as deliberações do requerimento, vereadores favoráveis e críticos ao Executivo Municipal revezaram-se na defesa de seus pontos de vista. O autor da proposta ressaltou que a vinda do secretário seria destinada a salvaguardar a independência e a defesa do papel dos vereadores. Inês Paz (Psol), assim como Francimário Vieira (PL), o Farofa, defenderam a coragem da colega em se posicionar, lembrando de supostos casos anteriores ainda na atual gestão.

Vereadores também se colocaram contrários ao requerimento de convocação. Otto Rezende (PSD) que o trabalho da Casa de Leis não poderia ser pautado por boatos envolvendo membros do secretariado; Gustavo Siqueira (PSDB) pediu que o funcionário que fez as supostas alegações deveria ser apresentado a público, e que o ambiente político na cidade e no país como um todo vem sofrendo com a polarização, causando injustiças para todos os lados. Clodoaldo Moraes (PL) declarou que a vinda do secretário para responder um boato poderia diminuir a importância do Legislativo.

A vereadora do Solidariedade, por sua vez, defendeu a convocação e a iniciativa de Iduigues, ressaltando que apresentou o ocorrido diante de convicções e que não estaria trabalhando com boatos, e que o diálogo entre o secretário e a Câmara seria uma conversa esclarecedora entre os poderes, e não uma “conversa de padaria”.

O requerimento foi rejeitado por 14 votos a 8, o que gerou novos debates entre os grupos de vereadores. Na sequência, Iduigues apresentou um requerimento verbal convidando o secretário municipal para conversar com a Câmara, mas foi negado pela maioria dos vereadores.

Em face da acusação, o secretário emitiu a seguinte nota de esclarecimento:.

"Sempre prezei pelo respeito e pela diplomacia das relações políticas. Não compactuo, portanto, com a prática de ameaças e com fomento de rumores.

Acredito no diálogo e, com grande respeito que nutro pela Vereadora Malu Fernandes, confesso que me causou surpresa a sua fala durante a sessão da última terça-feira. Principalmente pelo fato de que ela sempre teve grande abertura para conversar e elucidar possíveis ruídos, mas não o fez. Optou por usar a tribuna para desabafar, sem ao menos verificar a autenticidade da informação.

Não acredito na política feita com base em 'boatos' ou 'fofocas'. Por isso, estou disponível para ponderações diretas, sempre aberto ao diálogo com todos os parlamentares, sem exceções ou distinções."