Já dizia meu finado tio, cuja sapiência sempre me foi marcante em vários aspectos: "Communio est matter rixarum", ou seja, o condomínio é a mãe das rixas, um velho ditado do intrigante latim.
O interessante é que ele repetia isso sempre que eu lhe propunha algum negócio em consórcio com outrem. Preferia ter suas coisas sozinho e a justificativa era a de evitar a confusão num caso de divergência de opinião. Tem razão, em certo sentido, a meu ver, mas entendo que a atual conjuntura, mais do que em condições normais de mercado, leva o empresariado brasileiro a buscar soluções para ultrapassar a crise, associando-se, em vários segmentos de negócio.
Não é vergonha ou sinal de fragilidade a associação que pode ocorrer sob vários modelos e configurações jurídicas, de gestão e operacionais. Num propósito legítimo, deve significar, em última instância, a soma de forças para que seja atingido determinado objetivo. Se está difícil seguir sozinho, pense em trazer para junto de você alguém que agregue, some, torne a corda mais resistente, seja com aporte de recursos financeiros, know-how, tecnologia, trabalho, energia e/ou afins. Para tanto, o mais importante são a honesta disposição das partes, o desenho claro e mais detalhado possível da operação, com a definição exata das responsabilidades e um sistema de verificação de atividades e resultados que possa conferir aos sócios, boa medida de segurança, tranquilidade e conforto. Não é fácil, mas neste momento complicado pode ser que, mais que nunca, precisemos de um novo parceiro, sócio, investidor ou coisa parecida.
Para conseguir o elemento correto é necessário planejar e criar condições que deixem evidente que o negócio conjunto é consistente e rentável. Muitas operações deste tipo foram por demais frutíferas e outras tantas, verdadeiras decepções e, por isto, é mister haver cautela.
No fim das contas, em vez de rixa, podemos extrair de um bom condomínio, força extra para superar desafios e, ainda, resultados alentadores. Que as rixas fiquem restritas à pequenez que permeia as mentes dos estultos!