Quando achamos que a vontade de Deus vem de encontro aos nossos desejos, na prece, muitos usam um tom de intimidade desrespeitosa: "Seja feita a Tua vontade, desde que o Senhor não atrapalhe a minha!". Quando Deus responde, agradecemos porque Ele veio ao encontro da nossa petição. Tendo ciência da semântica sabemos que "de encontro" é desfavorável, contra ao que desejamos, e "ao encontro" é desejar em palavras a realização da nossa vontade. Em todos nós, temos muita, pouca ou nenhuma conformidade com a vontade de Deus para nossas vidas, dependendo do grau de santificação é ela que nos faz curvar em humildade diante do Trono da Graça, confiando o presente e o futuro em Suas Mãos. Uma senhora simples, de 80 anos, sem conhecimento teológico, quando consultada, disse que iria se recuperar de modo rápido da doença. A acompanhante disse: "Se Deus quiser!". E ela logo acrescentou: "E Ele vai querer!".
Na realidade, não deixamos Deus realizar a Sua vontade em nós sem oferecer, por medo e desconfiança, "uma mãozinha" da nossa vontade. Tantas vezes oramos o Pai Nosso sem realmente pensar com responsabilidade no que estamos falando automaticamente. O que significa pedir que "a vontade de Deus seja feita na terra assim como é feita no céu"? Significa que estou pronto a aceitar em minha vida a vontade de Deus. A submissão a Deus implica em obediência a Sua vontade. Os movimentos neopentecostais cresceram, desde o seu surgimento, em 1970, enxertando na doutrina bíblica revelada o ato de profetizar e determinar; quando o homem profetiza, ao dizer "eu determino", é Deus, e não ele, que fica submisso e obrigado a cumprir o seu desejo de cura e prosperidade, ou mesmo de enviar o mal sobre os inimigos. Isto é xamanismo, semelhante à feitiçaria. Dante Alighieri, autor da Divina Comédia, disse: "Sua vontade é a nossa paz". Orar o Pai Nosso sem submissão a Deus é trazer juízo sobre si mesmo.