Uma ação de reintegração de posse gerou confusão, ontem, em Itaquaquecetuba, em uma área particular localizada na estrada dos Índios, no Jardim Caiuby. Os lotes pertencem à Imobiliária e Construtora Continental Ltda. Apenas um imóvel foi desapropriado e contou com o apoio da Polícia Militar (PM). Mas os vizinhos também se sentiram ameaçados em ter de deixar as casas onde moram, já que eles afirmam terem sido informados sobre a desapropriação em toda aquela área, porém, nunca receberam documento oficial.
A comerciante Raquel de Lima Bezerra, conta que mora no local há 12 anos e afirma pagar todos os tributos municipais, como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), além da licença para manter o comércio em funcionamento. Mesmo assim, ela teve que cumprir a ordem judicial para deixar o imóvel. "Eu não recebi nenhuma notificação antes. Fui pega de surpresa. Estou com nove filhos pequenos e não temos para onde ir", lamentou.
O marido de Raquel, o comerciante Ney de Lisboa, garante que o imóvel foi comprado e que há um contrato de compra e venda e, mesmo assim, sofreram ordem de despejo. "Temos esse documento. Construímos há 12 anos com muito suor e nunca apareceu o dono. Agora vem um oficial de justiça e tira tudo da gente", desabafou.
A ação de reintegração de posse causou a revolta de muitos moradores da área, que ficaram com os ânimos exaltados, mas não teve registro de violência, segundo informou a Polícia Militar. A PM, inclusive, foi ao local em cumprimento a uma ordem judicial para garantir a segurança durante a ação. A polícia ainda disse que o oficial de Justiça chegou ao local munido de documentos com a ordem de despejo, pela manhã. Porém, à tarde, a comunidade se mostrou revoltada com a situação, mas tudo foi resolvido de forma pacífica.
"Os advogados da empresa vieram aqui avisar que temos que deixar nossas casas e nossos comércios", contou Ney Lisboa. Outros moradores e comerciante do local afirmam que estão sendo ameaçados de despejo. "Em novembro vieram me informar, pela primeira vez, que tenho que sair da minha casa", disse a comerciante Júlia Maria Samento.