O cidadão caminha em direção à porta de entrada do estabelecimento. Ela abre automaticamente e, de cara, ele se vê de frente com uma funcionária bem vestida e simpática. A moça pergunta qual serviço ele precisa, entrega uma senha e lhe deseja um bom dia. O trabalhador olha o painel, se prepara para se sentar no banco de espera, mas antes mesmo disso sua senha é anunciada eletronicamente e ele então segue para ser atendido. Depois de confirmar seus dados é direcionado para outro setor. Da mesma forma, antes mesmo de olhar para o painel, é chamado e atendido prontamente. Ele só pode estar sonhando.
Onde estão as filas, as pessoas reclamando da demora, o mau atendimento dos funcionários, aquela irritação e aborrecimento comuns no Brasil? O homem então é avisado que precisa pagar uma taxa pelo serviço e, nem precisa ir até o banco, pois existe uma unidade bancária ali mesmo, a poucos menos de 10 metros. Finalizado o pagamento, o serviço está realizado, basta ele entregar alguns documentos em um balcão agora.
Todo este processo, que contou ainda com exame médico, teste de visão, assinatura de documentos e fotografia, não dura 15 minutos. Estamos falando do Poupatempo e de sua política de trabalho extremamente funcional, prática e produtiva. Há anos, o serviço é elogiado agora, enfim, começa a ser exemplo para outras áreas - o Detran vem implantando o mesmo padrão em São Paulo.
Diante de tamanha eficiência, pensamos porque este modelo não é seguido nas delegacias e nas agências bancárias. A resposta pode estar em alguns profissionais, que ainda preferem se manter em cargos onde não há muito trabalho, ou existe mas não é realizado. Como dito por muitos empresários do País à fora, "todos querem um emprego, mas poucos querem trabalhar".
Quem vai no mesmo dia no Poupatempo e na Caixa Econômica Federal, por exemplo, pode dizer que foi do céu ao inferno. Os bancos são as instituições que mais lucram no Brasil, e que conseguem os melhores aumentos e reajustes salariais, mas é também nas agências onde o cidadão é mais desrespeitado. Enfrenta uma fila de duas horas para ser atendido.
Um processo produtivo eficaz exige treinamento e comprometimento por parte dos funcionários. Voltando ao caso do Poupatempo, nem tudo é perfeito. No momento final de deixar a unidade, o trabalhador é atendido por um rapaz que está ouvindo música no celular e falando alto, como se estivesse em um bar. Por um minuto, a sensação é de estar novamente no Brasil.