Familiares da menina Gabriela Rodrigues Portes, de 10 meses, que faleceu na última sexta-feira, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Rodeio, em Mogi das Cruzes, acionarão a Justiça para que os possíveis responsáveis pelo agravamento do quadro clínico da paciente sejam punidos. Isso porque para eles, supostas falhas no atendimento extinguiram as chances da criança sobreviver.
De acordo com a mãe, Aline Rodrigues Cardoso, a filha deu entrada na unidade por volta das 10 horas da manhã, com dificuldades para respirar. "Ela já chegou na UPA em estado grave. Colocaram ela no soro e deixaram ela em observação, mas a situação piorou", disse.
Segundo ela, a primeira falha a ser investigada é a ausência de máscaras de oxigênio na Upa. "Ela não estava conseguindo respirar sozinha e a colocaram no balão de oxigênio. O problema é que não tinha máscara. Eu tive que segurar a mangueira no rosto dela. Ou seja, não havia estrutura para ela ficar lá", contou.
O outro problema refere-se à demora para a chegada da ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Isso porque após a piora no estado da paciente, foi solicitada sua transferência para o Hospital Municipal. No entanto, a menina veio a óbito antes que isso se efetivasse. "O Samu demorou mais de uma hora e só chegou depois que ela tinha morrido. Se a transferência tivesse sido feita antes ela ainda estaria viva", lamentou.
Por fim, a genitora denuncia ainda a suspeita de negligência médica. "Na quinta-feira eu levei ela no Pró-Criança. O médico mal olhou para ela. Apenas prescreveu um antibiótico e mandou a gente para casa. Se soubéssemos da gravidade do problema, ela já teria recebido o atendimento um dia antes de morrer. Então vou abrir o processo contra a Upa, o Samu e também contra o médico", lamentou.
Em nota, a Fundação do ABC, responsável pela gestão da Upa, informou ter adotado todas as medidas necessárias a fim de garantir a vida de Gabriela. Além disso, afirmou que "não há falta de equipamentos e insumos na UPA de Mogi das Cruzes" e que "o procedimento de oxigenoterapia foi iniciado na paciente com traqueia de oxigênio com máscara".
Já a Secretaria Municipal de Saúde esclareceu que já abriu sindicância para apurar o ocorrido. "A criança passou em consulta no Pró-Criança na noite de quinta-feira com suspeita de estar engasgada, sem febre e tendo vomitado por quatro vezes, conforme relato da mãe. Foi realizado exame físico e um raio-x que indicou uma pequena pneumonia. O médico então prescreveu a medicação e orientações, tratamento considerado correto para o caso naquele momento".
Em relação à ambulância, a Secretaria Municipal informou que " não houve demora, mas o agravamento súbito do caso".