Desafiando a natureza em busca de um sonho, um professor de uma escola particular em Mogi das Cruzes percorreu durante 22 dias o rio Solimões, na Amazônia, apenas com um caiaque e uma mochila nas costas. Com uma bagagem cheia de aprendizagem de volta para casa, ele ainda promete escrever um livro sobre sua experiência.
Casado e pai de uma menina, o professor de espanhol, Esdras Barbosa, de 49 anos, conta que a ideia de atravessar o rio surgiu de um sonho antigo, uma vez que ele já havia morado por lá. "Eu e minha esposa já percorremos a América Latina toda de bicicleta por cerca de um ano. Dessa vez a ideia era eu atravessar sozinho o rio Solimões de caiaque, apesar de não ter experiência nesse meio de condução aquático", contou o professor, ao também revelar que no inicio não teve muito o apoio familiar, já que se tratava de um região extremamente perigosa para navegação.
Barbosa também é idealizador na escola onde trabalha do projeto Expedição Amazônica, que tem como objetivo levar alunos do Ensino Médio, acompanhados por professores, para um trabalho humanitário e pedagógico na Amazônia. Em entrevista ao Dat, ele contabiliza que percorreu durante os 22 dias navegando em um caiaque mais de 1,6 mil quilômetros.
"Sai no dia 6 de janeiro de Tabatinga, município de Amazonas, apenas com um caiaque que consegui emprestado em um site na internet, onde um homem muito generoso resolveu sede-lo durante a minha missão naquela região, uma mochila com alimentos e medicação, caso necessário, e um celular que continha o mapa da região", explica.
O professor afirma ter visitado durante todo o percurso mais de 20 comunidades próximas ao rio, entre elas as populações ribeirinhas, que vivem nas beiras dos rios da região Amazônica. "Remava cerca de 70 quilômetros por dia, ou seja, entre 7 e 12 horas", comenta Barbosa, que ainda revela ter passado por momentos de medo durante os dias navegando naquela região, "Durante a noite procurava sempre um lugar seguro para descansar, como as casas flutuantes, muito comuns naquela região, e até mesmo em locais com muitos matos as margens do rio, porém imprevistos sempre aconteciam", relembra.
Em uma das noites, Barbosa revela ter dormido no mesmo local em que traficantes de drogas estavam. "Foi inevitável. Eu estava sozinho no flutuante quando chegaram cerca de dez homens, entre eles traficantes e usuários. Eles prometeram não fazer nada comigo e até chegaram a dizer que eu estava seguro ali, entretanto era impossível conseguir fechar os olhos naquela noite", ressalta o professor.
Apesar dos momentos de medo e pesando cinco quilos a menos desde que saiu de Mogi, o professor menciona ter feitos muitas amizades naquele local, entre elas, a de pessoas que o ajudaram seja com alimentação e até que o receberam em suas casas. "Me disseram que a região era muito perigosa, mas pude conhecer além de tudo, pessoas muito generosas também e que precisam de ajuda."
" A maior lição que eu tirei de tudo isso, foi o valor do seu humano. Nesses 22 dias estive com pessoas muito simples e que compartilharam comigo o pouco que elas tinham. Além disso levei comigo que aprender a se relacionar com as pessoas e encontrar o melhor nelas fazem parte de uma vida saudável e tranquila. Recebi muito mais do que eu esperava naquela viagem", conclui Barbosa ao dizer que recebe até hoje ligações de pessoas que conheceu durante os mais de 20 dias na região.