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Os números não deixam dúvidas de que entramos em uma grave crise em 2015. A percepção de donos de micro e pequenas empresas, que passaram o ano com a corda no pescoço, é confirmada pela mais recente pesquisa Indicadores Sebrae-SP: a queda no faturamento desses negócios em 2015 no Estado de São Paulo foi de 14,3% em relação a 2014, o pior resultado desde 2002. A diminuição total da receita foi da ordem de R$ 100 bilhões de um ano para o outro.
Indústria e comércio foram afetados, mas a maior queda foi registrada no setor de serviços. Desde 2009, quando o Brasil ainda enfrentava os reflexos de uma grave crise internacional, essa área não apresentava retração no faturamento: os resultados de 2015 foram 16,9% menores em relação a 2014. O que nos causa preocupação é o fato de que o setor de serviços é uma das áreas que mais empregam em São Paulo. Os ajustes necessários para as micro e pequenas empresas dessa área certamente vão resultar em demissões e fechamento de postos de trabalho, ainda que a atual pesquisa não tenha captado esse movimento.
Não há um fator isolado para explicar esses resultados negativos. O desempenho da economia brasileira caiu como um todo e a inflação subiu; como resultado, as famílias apertaram o cinto e passaram a consumir menos. Ao mesmo tempo, o cenário político não inspira segurança para eventuais investimentos. Essa conjunção atinge diretamente o mercado interno, do qual as micro e pequenas empresas dependem diretamente.
Mesmo assim, a pesquisa traz um dado positivo, na minha avaliação: a confiança dos empreendedores na evolução do seu faturamento, para os próximos seis meses, se mantém praticamente estável. Mesmo diante de um cenário mais delicado, 52% dos proprietários esperam a manutenção da receita - esse índice era de 55% em janeiro de 2015.
A leitura que eu faço desse número é a de que o empreendedor brasileiro é muito resiliente, isto é, capaz de resistir a pressões e situações adversas. Ele está acostumado às dificuldades inerentes de ter o próprio negócio em um cenário pouco favorável à cultura empreendedora, em que os deveres são muitos e os direitos são conquistados a duras penas. O planejamento é fundamental para identificar seus pontos fracos, cortar gordura e se preparar para a retomada que, certamente, virá.
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