Três meses após a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) de Mogi das Cruzes ter suspendido o atendimento a pacientes de Itaquaquecetuba e Suzano que aguardavam na lista de espera em função de problemas financeiros, a unidade continua enfrentando dificuldades financeiras. Atualmente ela opera com um déficit anual de R$ 516 mil, o que representa R$ 43 mil ao mês. Isso porque, apesar do apelo para que as demais cidades também ofertem recursos à entidade, não houve mobilização por parte das administrações municipais das duas cidades.
Assim como já ocorria anteriormente, a AACD recebe auxilio apenas dos municípios de Mogi das Cruzes, que responde pela maior parte das colaborações (R$ 80 mil), Poá (R$ 10 mil) e Guararema (R$ 7,5 mil). No entanto, a soma dos montantes não é suficiente para cobrir todos os custos dos atendimentos realizados e, por causa disso, a associação suspendeu atendimento para pacientes novos de Suzano e Itaquá desde novembro de 2015.
De acordo com o secretário municipal de Saúde, Marcello Cusátis, cerca de 50% dos pacientes atendidos pela AACD de Mogi não são mogianos. O assunto, inclusive, já chegou a ser discutido durante as reuniões do Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat), mas não surtiu o efeito esperado. "A Prefeitura de Mogi colabora com 80% dos recursos doados para a unidade, mas mais da metade da demanda são de outras cidades", disse.
Em nota a AACD informou que permanece enfrentando dificuldades financeiras e para conseguir mais recursos, promove vários eventos durante o ano, como o bazar da pechincha. "Além disso, estamos buscando contato com as prefeituras das cidades do Alto Tietê que tenham moradores em atendimento na instituição em busca de parcerias e recursos", informou.
Por fim destacou que não tem condições de manter os atendimentos sem o apoio dos municípios. "É preciso pagar os profissionais da área da saúde como, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeuta ocupacional, hidro terapeuta, psicóloga, pedagoga, neuropediatra, neurocirurgião e fisiatra. Além disso, há os gastos com os demais funcionários e existe ainda a necessidade de ampliar o quadro de voluntários. Por isso, estamos buscando conversas com as prefeituras da região para reverter esse quadro", concluiu.
Outro lado
Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Suzano voltou a negar ajuda a entidade e informou, por meio de nota, que "lamenta a situação financeira da AACD e lembra que a própria administração enfrenta sérios problemas de arrecadação e de recebimento de repasses". Além disso, completou que "o País e o Estado de São Paulo também passam por terríveis dificuldades econômicas".
Posicionamento parecido foi apresentado pela Prefeitura de Itaquá. "Entendemos a necessidade da entidade que presta um brilhante serviço às crianças com deficiência da região. O fato é que, por conta das dívidas exorbitantes herdadas pela atual gestão, agravadas pela crise instalada no País, e pelo baixíssimo orçamento do município, a Prefeitura de Itaquá encontra-se em situação financeira muito delicada", explicou. " Mesmo com a crise, o município estudará a possibilidade de realizar repasse financeiro a entidade", concluiu.