Os dois novos vírus transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti, o zika e a chikungunya, aliados a já conhecida dengue, estão deixando a comunidade médica do Estado de São Paulo, e a população, com o alerta ligado. No Alto Tietê não é diferente. Moradores da região já sabem dos riscos de manter criadouros do mosquito em casa, e diferente de anos anteriores, o inseto agora se reproduz, também, em água suja. Nenhumas dessas doenças possui tratamento, no entanto uma vacina para a dengue está sendo desenvolvida.
Apesar disso, ainda pouco se sabe sobre o futuro dessas duas doenças. Até mesmo se, após ser infectado uma vez, a pessoa seria imune pelo resto da vida. Para o professor de medicina da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), e infectologista do Instituto Emilio Ribas, na capital, Jean Carlo Gorinchteyn, os médicos e pesquisadores possuem uma sensação semelhante aos profissionais dos anos 1980, quando se depararam com o surgimento da Aids, ou seja, atualmente há mais perguntas do que respostas.
Em conversas com os jornalistas na tarde de ontem, na própria UMC, o infectologista falou sobre o que está sendo feito para entender as doenças, mas no final o ponto a ser destacado é sempre o mesmo: a prevenção.
Gorinchteyn revelou que de fato o zika vírus não circula em território paulista. Os dois casos registrados são considerados 'importados', ou seja, a pessoa foi infectada em outro estado, mas nem por isso o alerta não deva ser acionado. "Seguramente, neste momento, o vírus não circula em São Paulo. Mas estamos em alerta, não pânico. O alerta é você estar vigilante e atuante. Não é ficar pensando 'será que o vírus vem?'. Pelo contrário, as medidas que estão sendo tomadas são muitos mais intensas, como a brigada da Polícia Militar, fazendo e permitindo com que os vigilantes sanitários entrassem na casa das pessoas, o que antes era proibido".
Mortalidade
Fora a dengue, os casos de mortes envolvendo essas duas doenças são pouco conhecidos, no entanto já há casos de mortes. Em ambas as situações, as vítimas tinham outra doença. "A mortalidade do chikungunya é baixa. Em um congresso estávamos discutindo sobre essa doença e ela tem uma referência de 1% de morte. Quem são aquelas pessoas que morrem de chikungunya? São pacientes idosos, que já tem alguma doença crônica, e que pioram com o quadro viral", apontou.
No caso do zika, Gorinchteyn afirmou que um paciente, morador do nordeste, morreu por causa desse vírus. "Teve um caso de zika em Pernambuco que o paciente morreu, mas ele tinha uma doença reumatológica, que é o lúpus. Por causa da doença, ele não conseguiu se defender do zika", finalizou.