O grupo que ocupa a escola estadual Francisco de Souza Mello, no Botujuru, informou que deve deixar a unidade até a manhã de hoje, após a notícia sobre o adiamento da reorganização da rede estadual de Educação, anunciada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) ontem. O local estava ocupado desde segunda-feira, como forma de protestar contra a medida. 
A coordenadora da subsede da Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Vânia Aparecida da Silva, informou que esse é o primeiro passo, porém, acrescentou que a entidade vai pedir a suspensão da reorganização e não o adiamento.
O professor Roberto Carlos Ferreira, de 37 anos, ocupa a escola no Botujuru. Ele tem uma filha que estuda na unidade e também leciona no local. "A notícia do governador já é uma vitória. Agora, a preocupação é de montar comissões para participar destas discussões, para que ele não seja fictício. É preciso ouvir a população e a comunidade", ressaltou. Cerca de 100 alunos e 30 pais participaram da ocupação. Durante o período, as aulas ocorreram normalmente.
"Nunca fomos ouvidos sobre a reorganização. É preciso falar com o profissional de educação para saber se a medida vai fazer bem ou não. É necessário levar em consideração a história da escola e a relação com a comunidade. Essa unidade onde estamos hoje já ensinou gerações. Isso tem que ser organizado de forma participativa. Vamos permanecer o tempo necessário para retirar os equipamentos que trouxemos. Faremos isso diante da Polícia Militar e entregaremos as chaves para a diretora", acrescentou.
A coordenadora da Apeoesp afirmou que uma manifestação contra a reorganização será feita hoje às 10 horas, no Largo do Rosário. "Esse foi o primeiro passo, mas queremos a suspensão definitiva da reorganização. Se os alunos não tivessem ocupado as escolas, não haveria a decisão. É a vitória da mobilização", disse.
Segundo o pronunciamento de Alckmin, a reorganização foi adiada, ou seja, os alunos continuaram matriculados nas unidades em que estudaram neste ano. A ideia é que ao longo do próximo ano diversas reuniões sejam feitas com pais, alunos e professores para discutir a reorganização. A promessa é que todas as escolas participem do diálogo.
Poá
A situação da escola estadual Professora Benedita Garcia da Cruz, em Poá, que também foi ocupada, ainda segue indefinida. Os estudantes não decidiram se irão desocupar o prédio. De acordo com a educadora social Andrea Maurício, 41, a tendência é os alunos permaneçam na unidade. A filha da educadora participa da ocupação. "Tem que haver o diálogo, caso contrário não iremos a lugar nenhum", disse.
O secretário de Educação do estado de São Paulo, Herman Voorwald, entregou pedido de exoneração ao governador Geraldo Alckmin. Voorwald liderava o processo de reorganização escolar que seria implantado em 2016 e levaria ao fechamento de 93 escolas. A informação de que Voorwald deixou o cargo foi confirmada pela Secretaria de Educação.
Com a reorganização, os alunos seriam separados por ciclo escolar (fundamental 1 e 2 e médio).
A medida enfrentou resistência de alunos, pais e professores. Mais de 200 escolas foram ocupadas para reivindicar a suspensão da reorganização, que afetaria 311 mil alunos.