A semana passada foi marcada pela quantidade de casos de violência contra a mulher, ocorrido em várias cidades da região. Um dos crimes que mais chamaram a atenção foi o que envolveu Rosana Aparecida Duarte, de 26 anos, esfaqueada por Gabriel Rodrigues Fernandes, 19. O caso ganhou repercussão nacional.
O fato aconteceu durante o feriado de Finados, em Mogi das Cruzes, e, na ocasião, Fernandes revelou à Policia Civil que a jovem a teria traído e por isso tentou mata-la. Rosana estava grávida de oito meses e perdeu o bebê. Ela permanece internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clinicas, em São Paulo, em estado grave.
Casos como esse chamaram a atenção da impressa, e da própria Polícia Civil. Apesar disso, a Delegacia-Seccional de Mogi das Cruzes, ainda não aponta para um aumento nos crimes que envolvem violência ao público feminino. "Não temos como averiguar isso de imediato. Teríamos que realizar um levantamento especifico para conhecer os números", explicou o delegado-assistente da Seccional, Júlio Vaz.
O delegado informou que a Polícia busca dar uma resposta à sociedade sobre esses crimes, e indica que leis como a Maria da Penha e Feminicídio contribuem nesse sentido. "Acredito que o agressor entende (a lei) como um elemento intimidativo, e essa violência será punida com rigor".
A advogada Maria Margarida Mesquita, presidente da comissão 'Mulher Advogada', da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) subseção de Suzano, concorda com Júlio Vaz quanto a eficácia da lei, entretanto ela afirma que houve um crescimento nos casos que envolvem violência ao público feminino, sim. "Entendo que elas estão mais corajosas em denunciar as agressões, mas houve um crescimento nos crimes cometidos contra a mulher. Desde que a DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) foi inaugurada (em agosto) o número de denúncias triplicou", afirmou.
Para o sociólogo Afonso Pola, a raiz de tudo isso pode estar ligada de uma maneira mais profunda à sociedade. "O homem era educado para ter privilégios, enquanto a mulher tinha que ser submissa. Hoje elas têm mais instrução do que o homem e está presente de forma maciça no mercado. Lá atrás o homem que tinha poder de mando, e a mulher começou a mudar isso".