Apenas com a roupa do corpo, muitas pessoas, em especial mulheres, aguardavam na manhã de ontem seus primeiros pertences chegarem para que ocupassem de fato os apartamentos invadidos do condomínio localizado no Residencial Nova América, no distrito de Palmeiras, em Suzano.
O sentimento entre os invasores era de alegria e esperança, mas também de preocupação. "Estamos felizes porque esse é um primeiro passo para conseguir a casa própria, mas sabemos do risco de ter uma reintegração de posse também e termos que sair daqui", destacou Lucirene Gomes da Silva, de 36 anos. Ela, que está desempregada, e seus quatro filhos, de 1, 10, 11 e 18 anos de idade, residirão no quarto andar de um dos blocos invadidos na madrugada de ontem.
"Eu morava no Jardin Varan de favor na casa de parente, mas chega uma hora que o parente não quer mais aguentar você, olhar para a sua cara, e eu decidi sair de lá e vir para cá. Meu sonho é passar não só essa, mas várias noites de Natal aqui. Amanhã já vou fazer minha mudança", completou a dona de casa.
Animada com a possibilidade de conseguir a casa própria, a desempregada Katia Cristina de Souza, 30, afirmou não querer a unidade de graça e disse que o objetivo das famílias é negociar com a Caixa Econômica Federal para que possam pagar pelo apartamento.
"Queremos cuidar do condomínio, deixar tudo arrumado, com cara de casa de verdade e queremos pagar as parcelas do apartamento como as outras pessoas fazem. Não queremos nada de graça", completou.
Ao lado do filho de 5 anos, a jovem Amanda Inri da Silva, 23, iniciava a limpeza do apartamento invadido. "Eu não trabalho, vivemos só meu filho e eu de favor na casa de uma pessoa. Quando fique sabendo da invasão resolvi participar também porque não tenho outra escolha", relatou.
A dona de casa Eliane da Silva Barroso, mãe de um bebê de 8 meses, justificou a invasão dizendo não ter condições de pagar aluguel. "Eu morava aqui perto mesmo e pagava R$ 450 por mês, estava difícil de manter. Não acho justo ver essas moradias todas aqui, largadas, sendo destruídas pelo tempo", explicou. (C.M.)