As informações publicadas na edição de hoje, divulgadas durante a audiência pública de prestação de contas da Saúde na Câmara de Vereadores de Mogi das Cruzes, mostra que as unidades de saúde da cidade estão sendo "invadidas" por pacientes de outros municípios. Cerca de 15% dos atendimentos feitos no Pró-Criança, centro médico especializado em pediatria construído e administrado pela Prefeitura, são de moradores da região do Alto Tietê. Situação semelhante deve ocorrer em outros hospitais de referência municipal.
Mogi, assim como qualquer outra cidade da região, não pode e não deve dar conta de todos os pacientes do Alto Tietê.
Esta migração ocorre porque a saúde precisa ser pensada e administrada de forma regional. Estado, União e prefeituras precisam levar em conta que o paciente necessita de atendido rápido. E se esta velocidade ele encontra apenas no hospital da cidade vizinha, é para lá que irá. Afinal, para o doente não importa se o imposto que ele paga vai para a Prefeitura, governo estadual ou federal.
As prefeituras têm suas obrigações. Precisam investir em atendimento primário, postos de saúde e programas saúde da família. O Estado deve dar suporte no atendimento de média e alta complexidades e a União deveria gerir e subsidiar prefeitos e governadores. Infelizmente, esta equação não é seguida.
O tal pacto hospitalar, elogiado e divulgado pelo secretário estadual David Uip, ainda não está em funcionamento. A dificuldade no acesso e a ineficácia dos serviços prestados na atenção primária têm contribuído cada vez mais para a superlotação dos hospitais públicos, onde milhares de moradores do Alto Tietê aguardam por uma simples consulta, um exame diagnóstico ou uma cirurgia eletiva. Tal situação fere não só a dignidade do povo, mas também dos profissionais de saúde que são obrigados a conviverem diariamente com cenas fortes.
O atual sistema de saúde público, com hospitais lotados ou unidades longe de casa, ocasiona, em muitos casos, o retardamento no diagnóstico e, consequentemente, uma piora no quadro clínico.
E já ficou comprovado que não é a chegada de médicos de fora do País a solução para os problemas. O que se tem na verdade é a carência de uma gestão eficiente de recursos.