Apontar onde o Rio Tietê começa a morrer. Esse foi o ato realizado ontem pela Fundação SOS Mata Atlântica e grupos de monitoramento de Mogi das Cruzes, que instalaram uma placa apontando o exato local onde isso acontece: bem em frente ao Conjunto Toyama, ao lado da rodovia Mogi-Salesópolis - trecho no qual a qualidade da água passa a variar de ruim a péssima.
A ação, que marcou o 22 de setembro - Dia do Tietê - contou com especialistas e voluntário da Fundação, e faz parte das atividades de mobilização e monitoramento do projeto Observando o Tietê, realizado pela ONG desde 1993, e que prossegue até 10 de outubro, com a participação especial do eco esportista Dan Robson, que navegará o trecho com um caiaque especialmente equipado para realizar análises da qualidade da água e da profundidade do leito do rio e dos reservatórios ao longo do percurso
No último dia 3, dentro desse projeto, a SOS Mata Atlântica iniciou a navegação do trecho de 570 km do Rio Tietê, entre Salesópolis e Barra Bonita, em uma expedição que passará por 26 municípios. Serão comparados os indicadores aferidos em expedições anteriores, realizadas nos anos de 2010 e 2013.
Para Nadja Soares de Moraes, Bióloga e Presidente da Bio-Bras, ONG de Mogi das Cruzes, que também participou ontem do ato de implantar a placa com o alerta na cidade, é assustador ver que a cada ano a poluição está mais próxima da nascente do Tietê. Para ela, é preciso ver duas questões básicas. "A primeira é a coleta de esgoto, pois Mogi mesma ainda não trata tudo o que é coletado e só quando todo o esgoto que é jogado no rio for 100% tratado parte do problema será solucionado", elenca. Já a segunda questão, segundo ela, é que os cursos d'água, e o Tietê é um exemplo disso, estão perdendo a cobertura vegetal. "O entorno dos rios, e o nosso aqui é um exemplo, está perdendo a vegetação e a gente sabe que isso faz com que as nascentes de água desapareçam. Precisamos nos adaptar ao aquecimento global, e protegendo o entorno dos rios, fazendo com que as nascentes durem mais", alerta. 
A bióloga aponta ainda que será preciso lutar junto ao O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), para que enquadre os rios, incluindo o Tietê, nas classes 1, 2 e 3, e de não ter mais classe 4, em que o rio é considerado morto e, dessa forma, quem utiliza suas águas devolve a mesma também com essa baixa qualidade - ou seja, água já morta."