A 'invasão' de pacientes de outros municípios ao sistema de saúde de Mogi das Cruzes tem prejudicado o atendimento de mogianos. Este foi um dos grandes destaques da audiência de prestação de contas referente ao segundo quadrimestre deste ano, realizada na manhã de ontem na Câmara Municipal. Em alguns centros médicos, a demanda proveniente de outras cidades do Alto Tietê corresponde a mais de 15% do total de atendimentos realizados.
A reunião, coordenada pelo presidente da Comissão Permanente de Saúde e Assistência Social da Câmara, Francisco Moacir Bezerra de Melo Filho (PSB), o Chico Bezerra, contou com a presença dos parlamentares Claudio Miyake (PSDB), Mauro Araújo (PMDB), Antonio Lino (PSD), presidente da Casa de Leis; Carlos Evaristo (PSD), e Jean Lopes (PC do B).
Na ocasião, o secretário municipal de Saúde, Marcello Cusatis, destacou que o atendimento a estes pacientes vindos de fora, além de impactar no serviço prestado aos moradores de Mogi, também compromete o orçamento. "Nossa responsabilidade é priorizar o mogiano. O número de atendimentos (que vem sendo realizado) é muito grande, principalmente se comparado com a portaria da Organização Mundial da Saúde (OMS) que regulamenta a oferta de consultas e equipamentos de saúde. Ela é muito clara: a média de consultas a ser realizada por ano é de duas a três por habitante. Nós estamos fazendo de cinco a seis. Tem alguma coisa errada. Para a população SUS dependente, nós tínhamos que fazer, anualmente no pronto-atendimento, de 50 a 60 mil consultas. Estamos fazendo 500 mil. Está desproporcional", disse.
Cusatis ressaltou ainda que a grande preocupação são com os mecanismos utilizados por estes pacientes para serem atendidos em Mogi. "Até o cartão SIS está sendo conseguido por esta população que vem de fora. Sabíamos que vinha gente de ônibus de Itaquá para usar o pronto-atendimento, mas agora tem até serviço de táxi. Gente vindo de São Bernardo do Campo e da zona leste de São Paulo, que conseguem comprovante de residência para fazer o cartão SIS e utilizar, principalmente, a Unica (Unidade Clínica Ambulatorial), o Hospital Municipal e a rede de exames. O que nos preocupa é que os números estão crescendo muito", comentou.
Chico Bezerra, por sua vez, frisou que o grande número de pacientes de outros municípios está diretamente relacionado a qualidade do serviço prestado. "O Unica, por exemplo, atende três vezes mais especialidades do que é atendido no AME (Ambulatório Médico de Especialidades), que é do governo do Estado. Isso mostra que o serviço feito por Mogi está sendo muito bem avaliado e as pessoas estão procurando. A própria Santa Casa tem recebido uma infinidade de pessoas de outras cidades, principalmente a maternidade. São serviços que estão funcionando bem e a cidade tem demonstrado que vem cuidando para que o setor de saúde funcione melhor", avaliou.
Para Bezerra, o problema é que o dinheiro que Mogi gasta para atender aos pacientes de cidades vizinhas não retorna para o município. "Se viesse o dinheiro para Mogi é claro que não teríamos problema nenhum em atender estas pessoas", concluiu.