Dados de emprego do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), com base no segundo trimestre deste ano, mostram que o setor vive um momento delicado. Somente nas cidades de Suzano e Mogi das Cruzes, avaliadas pelo SindusCon, e também pela Fundação Getúlio Vargas, foram extintas 689 vagas de emprego, 509 em Mogi e 180 em Suzano. Para efeito de comparação, nos primeiros três meses do ano, havia sido encerradas 213 vagas em ambas as cidades.
De acordo com o diretor da Delegacia de Mogi do SindusCon, Mauro Rossi, o cenário pode ficar ainda pior, uma vez que não existe estimativa de melhora, ao menos até o primeiro semestre do ano que vem. "A gente tem esperança que isso mude, claro, mas os dados mostram que isso não irá melhorar a curto prazo. O governo (federal) está sem poder de investimento, está gastando mais do que arrecada", disse.
Rossi ainda comentou que um dirigente de uma associação ligada ao setor, com endereço em Brasília, explicou que esteve em um evento com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Este dirigente teria ouvido que as perspetivas para o ano que vem são ainda piores. "Ele me falou que teríamos saudades das vendas desse ano", destacou. Em parceria com a indústria automotiva, a construção civil é um dos termômetros da economia, ou seja, se o País caminha bem, os consumidores compram imóveis, caso contrário, deixam de adquirir: "Nosso setor é um dos primeiros que sente a crise e um dos últimos a se recuperar. Quando a situação começar a melhorar, as pessoas não vão comprar casas, vão é pagar as dívidas."
Outro dado que também deixa a recuperação do setor ainda mais obscura é o chamado 'distrato', quando o comprador devolve o imóvel comprado. "Em Mogi e Suzano, o distrato já acontece. Durante esse tempo de crise, o consumidor perdeu poder de compra e prefere devolver o imóvel à ficar com a dívida", finalizou.