A transposição de água para o Sistema Produtor Alto Tietê (Spat), para garantir o abastecimento na região, pode não ser a solução ideal em épocas de estiagens, segundo discussão feita por especialistas em um fórum promovido pelos Ministérios Públicos Federal e Estadual de São Paulo, na quinta e sexta-feira passadas.
Para a maioria dos participante, talvez o reuso da água, por meio do tratamento de esgoto para o consumo final, traria melhores resultados. O engenheiro civil e sanitarista, José Roberto Kachel, esteve no evento e confirmou em entrevista ao MN a viabilidade desse procedimento.
O engenheiro informou que obras como a transposição do rio Guaió, na região da Chácara Sete Cruzes, em Suzano, serviram mais como algo momentâneo, e não como solução final. "Fica difícil captar água de um local que também está seco. Esse tipo de obra seria para aliviar o sistema, em um mês que não tivesse chovido tanto, ai poderia ser aplicado", informou.
Quanto ao tratamento do esgoto, também conhecido como Tratamento por Membranas, Kachel disse que o procedimento já é aplicado em outras cidades e que também poderia dar certo por aqui. "Israel, Texas e Califórnia (EUA), já utilizam esse sistema que permite tratar a água do esgoto e transforma-la em potável e voltar para barragem mais próxima. Mas essa é uma solução que leva tempo. O professor (de Engenharia da USP) Ivanildo Hespanhol comentou isso durante o evento, e eu concordo com a ideia dele", informou.
No tratamento por membrana, a água passaria pelas estações de tratamento e as membranas agiriam como um filtro. Nesse tipo de sistema as membranas seriam capazes de promover separações que os filtros comuns não conseguem realizar.
Ontem, o volume armazenado no Spat, segundo a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), ficou em 14,7%, menos 0,1 ponto em relação ao dia anterior. Em 24 de agosto do ano passado o nível dos reservatórios do Alto Tietê estavam em 16,7%.