Na região de Jundiapeba, em Mogi das Cruzes, uma organização social estimulando a participação cidadã e o protagonismo de toda uma comunidade. No episódio do Café com Mogi News desta terça-feira (11), a entrevista da é Elaine Contão Yamane, presidente da Associação Juntos Movimentando a Comunidade, a JMC, que atende 110 crianças e adolescentes, com idades entre 6 e 17 anos e 11 meses, com atividades socioeducativas no contraturno escolar. O trabalho começou em 2014 no bairro Rio Abaixo, localidade próxima ao rio Tietê, e migrou para a Nova Jundiapeba. 

"A JMC é a Associação Juntos Movimentando a Comunidade, e nasceu por uma necessidade do território Rio Abaixo em 2014. Nós começamos porque dentro da comunidade existia uma juventude vulnerável na questão das drogas. Conseguimos um espaço e iniciamos fazendo um trabalho de futebol com os meninos nas sextas-feiras à noite. Era uma foram de trazer essa juventude para o nosso lugar de fala, de acolhida, e de ressignificar essa idade que é tão difícil que é a fase da adolescência", contou Elaine. O trabalho começou com seu marido Aluisio e o amigo Leonardo e quando o grupo tinha cerca de 50 jovens, ela foi chamada para ajudar com oficinas socioeducativas.  

"Hoje não chamamos mais de ONG. O termo técnico é Organização da Sociedade Civil justamente porque ela movimenta todo um território em prol de uma finalidade, e nossa finalidade hoje é compreender as demandas territoriai e atuar a partir daquela realidade", explicou Elaine.  O trabalho inicial contou também com o apoio voluntário de mães da própria comunidade do Rio Abaixo. "Eu não posso deixar de dizer que é o Rio Abaixo, um território que nos acolheu, uma área muito vulnerável que fica próximo ao rio Tietê, do outro lado do Real Park, e é muito invisível para o poder público. Um lugar que não tem praça, não tem saúde pública, então a gente quis atuar realmente em um lugar onde precisa de uma atuação mais efetiva", destacou. 

Porém, quando surgiu a necessidade de deixar o local onde os trabalhos eram realizados, a oroganização social transferiu sua sede para a Vila Nova Jundiapeba em 2019. A JMC teve uma grande repercussão pela atuação junto às famílias que foram retiradas das moradias embaixo de linhas de transmissão no bairro. "A gente começou a fazer um trabalho naquele território juntamente com o padre Orlando - padre querido da instituição e apoiador do nosso projeto, de acolher essas famílias porque o poder público simplesmente tirou as 61 famílias, não deu nenhum alojamento, nenhum suporte. O padre abriu essa igreja e abrigou essas famílias. Ele chamou a Associação JMC entendendo que somos uma associação que faz um trabalho em prol da comunidade, diante de uma realidade comunitária. Nós começamos a fazer toda uma movimentação, uma arrecadação para que essas famílias pudessem sair dali para um lugar seguro", contou Elaine.

Assim teve início o trabalho na Vila Nova Jundiapeba, desde o início, criado na perspectiva de atender crianças e adolescentes, trazendo um processo socioeducativo de formação da cidadania, como explica a presidente da JMC. "A gente trabalha a convivência social, o direito de ser criança e adolescente, a participação cidadã dentro do território da comunidade". Como resultado desse trabalho, um grupo de jovens foi até a Câmara Municipal para apresentar as dificuldades e solicitar a reforma de uma quadra para ser usada pela instituição e por toda a comunidade. 

Assistência Social 

O trabalho desenvolvido pela organização social, segundo Elaine, que promove a participação das crianças e adolescentes é um serviço dentro da política de Assistência Social, caracterizado como Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. No local, eles recebem refeição, café, e têm as oficinas socioeducativas. 

A Associação sempre caminhou com recursos e apoiadores voluntários, de acordo com Elaine, mas, em 2021, pode participar de um edital de chamamento público, que permitiu a assinatura de um termo de colaboração com o município com duração de cinco anos. 

"A partir daí nós conseguimos receber um recurso municipal da política de Assistência Social, que é utilizado para o desenvolvimento do projeto, no sentido de folha de pagamento de funcionário, alimentação, manutenção do espaço e compras de materiais pedagógicos, só que não nos permite comprar bens móveis. A gente passa muita dificuldade financeira por conta disso, porque o recurso não é suficiente para todas as demandas que a gente tem. A gente entende que o nosso serviço é um serviço que começou com uma finalidade privada, mas ele é um serviço público, porque é um serviço de Assistência Social, mas o recurso ainda é muito pequeno", avalia. 

Com a primeira formação em marketing e comunicação, Elaine sempre quis estudar Serviço Social, e há mais de 18 anos realizou esse sonho e está na Assistência Social, hoje atuando em São Bernardo, onde foi da gestão e depois do nascimento da filha voltou para o cargo de assistente social em um serviço de violação de direitos. Segundo ela, uma grande dificuldade em Mogi das Cruzes para o segmento é a questão orçamentária, uma vez que não chega a 5% o valor destinado à Assistência Social, mesmo se tornando um serviço essencial especialmente em razão de pandemia de Covid-19, onde mais pessoas necessitaram ser atendidas. Com um novo endereço na rua Augusto Regueiro, que deve ser inaugurado em breve com um evento aberto à comunidade, a JMC tem como planos aumentar as parcerias e expandir a comunicação. 

A presidente da JMC destacou a participação no Café com Mogi News, produzido com apoio da Padaria Tita, "Para nós é uma honra estar aqui, A gente tem que ter esse tipo de programa que apoie, porque o trabalho das organizações sociais é muito invisível e passamos por muitas dificuldades, a gente esta sempre na meta de tentar e continuar fazendo um trabalho que tem utilidade para comunidade", ressaltou, destacando a participação da comunidade por meio de assembleias onde são decididos temas a serem trabalhados e apresentadas demandas. 

"A gente tem um olhar muito ruim da Assistência Social, fazemos uma imagem de pessoas invisíveis, mas a oportunidade não é igual para todos. O objetivo da JMC é que eles sejam protagonistas da própria vida através do conhecimento dos seus direitos. Com informação, transformamos a vida de uma pessoa. Como ela vai ter oportunidade de escolha, se não teve essa escolha?", destacou Elaine. 

Futuro 

Para o futuro da JMC, Elaine pretende que a organização social continue sendo útil para a comunidade: "Gosto muito de planejamento. Daqui a 5 anos, vejo a JMC como uma organização cumprindo sua função no território,  que a comunidade reconheça o trabalho, abrace, e que seja útil".  Nos planos também a parceria com outras organizações. "Temos o projeto JMJ – Juntos Movimentando Jundiapeba - com a ideia de fazer com o que o nosso espaço seja de desenvolvimento de várias ações, em parceria com cultura, com cursos de profissionalização, parceria com várias políticas públicas, e empresas que queiram apresentar cursos e oficinas. A gente também precisa de doações de alimentos, de computadores, de um freezer novo", salientou.

Os interessados em colaborar podem fazer sua doação pela chave PIX 25529331/0001-44. Saiba mais sobre o trabalho da organização social no Facebook - https://www.facebook.com/jmc.acolher.


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