O governo norte-americano suspendeu todos os pedidos de imigração provenientes de 19 países considerados de alto risco, dias após o tiroteio em Washington que envolveu um cidadão afegão, anunciou o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (EUA). A suspensão se aplica a pessoas provenientes dos 12 países cujos cidadãos já não tinham direito a entrar nos EUA desde junho e, agora, também a cidadãos de mais sete países afetados por restrições na emissão de vistos, segundo memorando dos serviços de imigração consultado pela agência de notícias France-Presse (AFP). Os pedidos de cartões verdes (green cards) dos cidadãos desses países, bem como os pedidos de naturalização, estão suspensos. A lista inclui alguns dos países mais pobres e instáveis do mundo. Em junho deste ano, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, determinou a proibição de entrada no país de cidadãos do Afeganistão, Myanmar (antiga Birmânia), Chade, República do Congo, Guiné Equatorial, Eritreia, Haiti, Irã, Líbia, Somália, Sudão e Iêmen. Os outros sete países agora afetados são o Burundi, Cuba, Laos, Serra Leoa, Togo, Turquemenistão e Venezuela. A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, disse, na segunda-feira à noite, na rede social X, que recomendou a Trump "a proibição total de entrada dos cidadãos de cada país maldito que inundou a nação com assassinos, sanguessugas e viciados em assistência social". "Não os queremos, nem um único deles", escreveu Noem. Na terça-feira, o presidente norte-americano fez afirmações violentas contra a Somália, afirmando que os migrantes do país africano não são bem-vindos nos EUA. "Não os quero no nosso país", disse. Desde o ataque em Washington, em 26 de novembro, atribuído a um cidadão afegão, que custou a vida de uma militar da Guarda Nacional e feriu gravemente outro soldado, o governo Trump congelou todas as decisões sobre a concessão de asilo nos Estados Unidos. O presidente norte-americano fez da luta contra a imigração ilegal prioridade absoluta, referindo-se reiteradamente à "invasão" do país por "criminosos procedentes do estrangeiro" e fazendo das expulsões de imigrantes uma das suas principais bandeiras. Porém, o programa da Casa Branca de expulsões em larga escala foi contrariado por várias decisões judiciais, com base, especialmente, no argumento de que as pessoas visadas devem poder fazer valer os seus direitos. Nessa terça-feira, a Associação Nacional de Juízes de Imigração (Naij, na sigla em inglês) informou que oito juízes responsáveis por questões de imigração em Nova York foram demitidos no dia anterior pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Os oito magistrados atuavam no nº 26 da Federal Plaza, em Manhattan, que abriga um tribunal encarregado de analisar os casos de migrantes que tentam regularizar a situação de permanência no país. Há meses, agentes da Polícia Federal com rostos encobertos percorrem diariamente os corredores daquele edifício e fazem a detenção de migrantes à saída de audiências. Várias cenas de confrontos com a polícia e famílias separadas puderam ser vistas, tornando o nº 26 da Federal Plaza um local emblemático do endurecimento da política de Trump em relação aos migrantes em situação irregular no país. *É proibida a reprodução deste conteúdo. Relacionadas Trump reitera combate à imigração ilegal e fala em "era de ouro" Papa critica tratamento "desumano" de imigrantes nos EUA Maioria dos latinos nos EUA acha que sua situação piorou com Trump