Faleceu na noite desta quarta-feira (16), aos 78 anos, o professor e ativista Luiz Roberto Alves, um dos principais nomes da educação pública, alfabetização e ensino de comunicação no país. O velório ocorrerá a partir das 9h de quinta-feira (18), na Câmara Municipal de Santo André. Nascido em janeiro de 1947 em Murutinga do Sul (SP), Alves tratava um câncer e as complicações de um recente acidente vascular cerebral (AVC). Ele morreu no Hospital Beneficência Portuguesa, de São Paulo. Trajetória acadêmica Professor sênior livre docente na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, Alves teve sua carreira e militância divididos entre a capital e o ABC Paulista. Iniciou no magistério já graduado em Letras, como professor em escolas públicas de Mauá, São Bernardo do Campo e Diadema, onde também atuou como diretor, durante mais de 20 anos. Por sua atuação nos anos 1970 foi perseguido por agentes da ditadura militar, tendo se exilado em Israel, onde pesquisou em universidades locais. Após seu retorno, esteve na fundação do Partido dos Trabalhadores, em 1980. No ABC, lecionou desde 1981 nos cursos de jornalismo, rádio e TV e publicidade, pela Universidade Metodista, onde desenvolveu pesquisa de relevância internacional e se destacou como acadêmico dos mais produtivos e criteriosos. Desde 1988, sua docência, centrada na área de Cultura Brasileira, se estendeu à Universidade de São Paulo, junto à ECA e, mais recentemente, ao Instituto de Estudos Brasileiros (IEB). Trajetória política Além da carreira acadêmica, Alves foi presidente da Câmara de Educação Básica e vice-presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), entre 2012 e 2016, e secretário de educação, cultura e esportes das cidades de São Bernardo do Campo (1989-1992) e Mauá (2001-2003), na Grande São Paulo. Ainda na região do ABC, na década de 90, foi um dos idealizadores do Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA), com apoio do educador Paulo Freire, envolvendo sindicatos e entidades da sociedade civil. Na área da infância e juventude, esteve no grupo fundador, na década de 80, do Projeto Meninos e Meninas de Rua de São Bernardo do Campo, juntamente com a pastora Metodista Zeni de Lima Soares. A entidade existe até hoje e teve grande atuação no enfrentamento aos grupos de extermínio de jovens que atuavam na região do ABC, até os anos 1990, sendo referência em metodologias de abordagem e educação social para menores em situações de vulnerabilidade social. Família O professor é pai do advogado Ariel de Castro Alves, conhecido ativista dos direitos humanos e ex-secretário nacional dos direitos da criança e do adolescente. Além de Ariel, deixa os filhos Daniel e José Celso de Castro Alves, do primeiro casamento, e Ana Sara Linder Alves, do segundo casamento. Ele também deixa a atual esposa, a professora Sabine Linder, e o neto Gael, filho de Ariel.