O presidente de Camarões, Paul Biya, o governante mais antigo do mundo, garantiu um oitavo mandato nesta segunda-feira (27), segundo os resultados da votação, enquanto o principal adversário da oposição, que também reivindicou a vitória, relatou tiros perto de sua casa. Biya, de 92 anos, obteve 53,66% dos votos, contra 35,19% de seu antigo aliado, Issa Tchiroma Bakary, informou o Conselho Constitucional. Um novo mandato de sete anos poderia manter o líder veterano no poder até quase 100 anos. Os manifestantes da oposição entraram em confronto com as forças de segurança várias vezes na semana passada, depois que os resultados parciais sugeriram que Biya estava a caminho de vencer a votação de 12 de outubro. Não houve nenhum comentário imediato sobre o resultado por parte do governo, que rejeitou as acusações de irregularidades feitas pela oposição. Depois que os resultados foram anunciados, Tchiroma escreveu no Facebook que duas pessoas foram mortas depois que tiros foram disparados contra civis do lado de fora de sua casa na cidade de Garoua, no norte do país. Ele não disse quem havia disparado os tiros nem comentou diretamente sobre o resultado da eleição. A Reuters não conseguiu confirmar seu relato de forma independente. Na semana passada, ele afirmou que havia vencido a eleição e que não aceitaria nenhum outro resultado. O resultado aumentou a perspectiva de mais confrontos entre os partidários da oposição e as forças de segurança, um dia depois que pelo menos quatro pessoas morreram em confrontos na capital comercial de Camarões, Douala. "Esperamos que a agitação aumente à medida que os camaroneses rejeitem amplamente o resultado oficial, e não podemos ver o governo de Biya durando muito mais tempo", disse François Conradie, economista político líder da Oxford Economics. "Biya agora tem um mandato notavelmente instável, já que muitos de seus próprios cidadãos não acreditam que ele tenha vencido a eleição", disse Murithi Mutiga, diretor do Programa da África no International Crisis Group, à Reuters. "Pedimos a Biya que inicie urgentemente uma mediação nacional para evitar uma escalada ainda maior", acrescentou Mutiga. Biya assumiu o cargo em 1982 e tem mantido controle rígido do poder desde então, eliminando o limite do mandato presidencial em 2008 e vencendo a reeleição por margens confortáveis. *É proibida a reprodução deste conteúdo.