O governo israelense deu luz verde, durante a madrugada, à primeira fase do acordo de cessar-fogo em Gaza e o Exército já iniciou sua saída do enclave. Apesar de alguns detalhes do acordo permanecerem incertos, o Hamas diz ter recebido garantias dos Estados Unidos (EUA) e dos mediadores de que a guerra "terminou completamente". A execução da primeira fase do acordo abre caminho à suspensão das hostilidades e à libertação de todos os reféns mantidos em Gaza. "O governo acaba de aprovar o acordo para a libertação de todos os reféns – os vivos e os mortos", anunciou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na rede social X. Depois da luz verde, o cessar-fogo na Faixa de Gaza entrou em vigor às 12h locais, segundo anunciou o Exército israelense. “Desde as 12h, as tropas das Forças de Defesa de Israel [IDF] começaram a se posicionar ao longo das linhas de implantação atualizadas, em preparação para o acordo de cessar-fogo e o regresso dos reféns”, anunciou. Mesmo com alguns detalhes ainda incertos, o chefe do Hamas diz ter recebido garantias dos EUA e dos mediadores de que a guerra “terminou completamente”. Tropas israelenses começam a recuar As Forças de Defesa de Israel iniciaram a retirada para as linhas de mobilização definidas no acordo de cessar-fogo de Gaza, anunciou um representante da Defesa Civil de Gaza. "As forças israelenses se retiraram de várias áreas da Cidade de Gaza", disse Mohammad Al-Mughayyir, diretor do Departamento de Ajuda Humanitária e Cooperação Internacional da organização. Em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, "os veículos israelenses se retiraram das partes sul e central da cidade para a zona leste", acrescentou. O acordo, assinado na noite de quarta-feira (8) no Egito, faz parte de um plano de paz de 20 pontos para Gaza, anunciado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, em 29 de setembro. Segundo o plano, o Exército israelense tem 24 horas para recuar na região, mas manterá o controle de 53% da Faixa de Gaza. O Hamas, por sua vez, tem 72 hora para libertar os reféns. Em seguida, Israel terá de libertar 2 mil prisioneiros palestinos. Das 251 pessoas raptadas e levadas para Gaza no ataque de 7 de outubro de 2023, 47 permanecem reféns, das quais pelo menos 25 estão mortas, segundo o Exército israelense. Além disso, com a entrada em vigor do acordo, fica também autorizada a entrada em Gaza de 400 caminhões por dia com ajuda humanitária. Próximos passos As negociações para a segunda fase do plano de Trump deveriam começar "imediatamente" após a assinatura do acordo da primeira fase, segundo um representante do Hamas. O acordo pressupõe o desarmamento do Hamas e a retirada das tropas israelenses do enclave. Donald Trump garantiu, nessa quinta-feira (9), que o desarmamento e a retirada iriam ocorrer, mas não forneceu um calendário. A segunda fase do acordo promete ser mais exigente, uma vez que o movimento palestino tem recusado repetidamente as exigências de Israel. O acordo prevê ainda a criação de um "comitê de paz", presidido pelo próprio Trump, para supervisionar o governo de transição em Gaza. Duzentos soldados norte-americanos serão enviados a Israel para "supervisionar" e "observar" a implementação do acordo de paz em Gaza. No entanto, não está previsto o envio de tropas norte-americanas para o enclave palestino. O Comando Central das Forças Armadas dos EUA vai criar uma task-force, ou seja, um Centro de Coordenação Civil-Militar, ou CMCC, a fim de facilitar o fluxo de assistência para Gaza, incluindo segurança e ajuda humanitária, informaram autoridades norte-americanas. *É proibida a reprodução deste conteúdo. Relacionadas Brasil comemora acordo para fim do conflito na Faixa de Gaza Trump: reféns de Gaza devem ser libertados na segunda ou terça-feira Israel e Gaza celebram após anúncio de cessar-fogo