As Forças Armadas israelenses informaram, nesta quarta-feira (17), que estão abrindo uma rota adicional, por 48 horas, que os palestinos poderiam usar para deixar a Cidade de Gaza, enquanto intensificam os esforços para esvaziar a cidade de civis e enfrentar milhares de combatentes do Hamas. Centenas de milhares de pessoas estão abrigadas na cidade e muitas relutam em seguir as ordens de Israel para se deslocar para o sul devido aos perigos ao longo do caminho, às condições terríveis, à falta de alimentos e ao medo de deslocamento permanente. "Mesmo se quisermos sair da Cidade de Gaza, há alguma garantia de que poderemos voltar? Será que a guerra vai acabar? É por isso que prefiro morrer aqui, em Sabra, meu bairro", disse Ahmed, um professor, por telefone. Pelo menos 30 pessoas foram mortas em toda a Faixa de Gaza nesta quarta-feira em ataques de Israel, incluindo 19 na Cidade de Gaza, segundo as autoridades de saúde locais. Tanques avançam Um dia depois que Israel anunciou o lançamento de uma ofensiva terrestre para tomar o controle do principal centro urbano de Gaza, os tanques avançaram pequenas distâncias em direção às áreas central e ocidental da cidade a partir de três direções, mas nenhum grande avanço foi relatado. Uma autoridade israelense disse que as operações militares estão concentradas em fazer com que os civis se dirijam para o sul e que os combates serão intensificados nos próximos um ou dois meses. A autoridade afirmou que Israel espera que cerca de 100 mil civis permaneçam na cidade, que levaria meses para ser capturada, e que a operação poderia ser suspensa se um cessar-fogo fosse alcançado com o grupo militante Hamas. As perspectivas de um cessar-fogo parecem remotas, depois que Israel atacou os líderes políticos do Hamas em Doha na semana passada, enfurecendo o Catar, um dos mediadores nas negociações de cessar-fogo. Desafiando as críticas globais sobre o ataque, incluindo uma repreensão do aliado mais forte de Israel, os Estados Unidos (EUA), o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que Israel atacará os líderes do Hamas em qualquer lugar. Em visita a Doha nessa terça-feira, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse que há "uma janela de tempo muito curta" na qual um cessar-fogo poderia acontecer, aparentemente referindo-se aos planos declarados de Israel de esmagar o Hamas pela força em Gaza. Folhetos pedem que moradores fujam Em folhetos lançados sobre a Cidade de Gaza, os militares disseram que os palestinos podem usar a recém-reaberta Salahudin Road para fugir em direção ao sul e que eles têm até a hora do almoço de sexta-feira (19) para fazer isso. "O movimento só deve ocorrer pelas ruas marcadas em amarelo no mapa, como a rota para o trânsito em direção ao sul. Siga as instruções das forças de segurança e os sinais de trânsito", disseram eles. A situação, no entanto, permanece caótica e perigosa para os civis, que têm se deslocado a pé, em carroças de burro ou em veículos nos últimos dias. Grande parte da Cidade de Gaza foi destruída no início da guerra em 2023, mas cerca de 1 milhão de palestinos retornaram para suas casas entre as ruínas. Forçá-los a sair significaria confinar a maior parte da população de Gaza a acampamentos superlotados no sul, onde ocorre uma crise de fome. As Nações Unidas, grupos de ajuda e governos estrangeiros condenaram a ofensiva de Israel e o deslocamento em massa proposto. *É proibida a reprodução deste conteúdo. Relacionadas Gaza: UE quer tarifar Israel e sancionar ministros extremistas e Hamas Comissão da ONU diz que Israel cometeu genocídio em Gaza Desnutrição infantil em Gaza atinge novo recorde em agosto, diz Unicef