As famílias dos reféns mantidos em cativeiro na Faixa de Gaza realizam nesta sexta-feira (5) manifestações em vários pontos de Israel para criticar os planos do governo de ocupação do Norte do enclave palestino.  As manifestações foram organizadas pelo Fórum das Famílias dos Reféns e assinalam os 700 dias do início da ofensiva militar de Israel contra a Faixa de Gaza.   Em comunicado, as famílias pretendem homenagear os 48 reféns ainda mantidos em cativeiro. "Os nossos 48 entes queridos correm o risco de serem mortos e perdidos para sempre nas ruínas de Gaza", lamentou o organismo, em uma crítica aos planos de ocupação de Gaza através de uma ofensiva militar de grande escala. As famílias pediram ao governo israelense que regresse aos canais diplomáticos para pôr fim à ofensiva em curso e lembraram que existem contatos entre as partes sobre a entrega dos reféns e o fim da guerra. Hoje, na chamada Praça dos Reféns, em Tel Aviv, um grupo de ativistas exibiu uma grande placa com a palavra SOS no chão, junto a uma ampulheta, para destacar que o tempo está se esgotando para os reféns. Em outra manifestação em Kiryat Gat, no Sul de Israel, Silvia Cunio, cujos dois filhos Ariel e David continuam como reféns do Hamas, declarou que a família está sofrendo "por causa de uma política patética". "Já chega. Acabem com a guerra, tragam-nos para casa", acrescentou. No mesmo protesto, Arbel Yehud, uma refém libertada, lembrou o longo período que passou em cativeiro e destacou que "cada minuto é uma eternidade e que cada segundo coloca em perigo a vida dos reféns". Nesta sexta, são esperados mais protestos em diferentes pontos do país, incluindo junto à residência do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em Jerusalém, já durante a noite. Vídeos de reféns Ainda nesta quinta, o Hamas divulgou um vídeo de dois reféns Com mais de três minutos e meio de duração, as imagens mostram um refém em um carro viajando entre edifícios destruídos, pedindo em hebraico ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que não realize a ofensiva militar contra a Cidade de Gaza. O refém, que no final do vídeo se encontra com outro refém, afirma estar na Cidade de Gaza e que a gravação foi realizada em 28 de agosto de 2025. A agência France Presse afirmou que não conseguiu verificar a autenticidade do vídeo, nem a data em que foi gravado. Este novo vídeo, de acordo com a agência de notícias EFE, marca os 700 dias do início da ofensiva de Israel contra Gaza, com o refém Guy Gilboa-Dalal ao lado de Evyatar Daviv. Trata-se do segundo vídeo com Gilboa-Dalal, depois de o Hamas ter publicado outro vídeo do jovem em fevereiro. Nestas últimas imagens, Gilboa-Dalal disse em hebraico que está em cativeiro há 22 meses, o que pode indicar que o vídeo foi gravado recentemente, de acordo com a EFE. A família pediu que estas imagens não sejam divulgadas nos meios de comunicação social. De acordo com o jornal israelense Haaretz, o Exército alertou as famílias dos reféns que, em plena campanha militar para conquistar a Cidade de Gaza, o Hamas vai aumentar o "terrorismo psicológico" publicando mais vídeos para pressionar o governo de Israel. O Exército indicou ainda que a nova ofensiva contra a Cidade de Gaza "aumenta a probabilidade de os reféns serem feridos ou mortos, e de os mortos desaparecerem", acrescentou o Haaretz. Guerra Israel lançou a ofensiva contra Gaza em 7 de outubro de 2023, após ataques do movimento islamita palestino Hamas em território israelense, nos quais 1,2 mil pessoas morreram e 251 foram feitas reféns. Israel e o Hamas já assinaram acordos de cessar-fogo e troca de reféns por prisioneiros palestinos. O último acordo foi assinado em janeiro mas o governo israelita violou o tratado em março, retomando os bombardeios contra o enclave palestino. Nos 700 dias de ofensiva, mais de 64 mil palestinos foram mortos por Israel em ataques contra casas, hospitais, escolas, universidades e abrigos, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. Países como a África do Sul denunciaram esta ofensiva perante o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) como genocídio, denúncia feita também por organizações de defesa dos direitos humanos internacionais e israelitas.  Relacionadas Forças israelenses bombardeiam subúrbios da Cidade de Gaza Hamas aceita libertar dez reféns em negociações de cessar-fogo em Gaza