A Espanha continua com 14 incêndios preocupantes que mantêm desalojadas mais de 700 pessoas e confinadas outras mil, após semanas de "terríveis incêndios" cujo combate é neste momento favorável, mas lento, disse hoje a Proteção Civil espanhola. Os 14 incêndios ativos e preocupantes (classificados como de nível 2 numa escala que na Espanha vai de 0 a 4) situam-se em Castela e Leão (10), Astúrias (três) e Galiza (um), no norte e noroeste do país, disse a diretora-geral da Proteção Civil espanhola, Virigina Barcones, em entrevista em Madri. Em Castela e Leão (região autônoma na fronteira com Portugal), há 12 povoações desalojadas, afetando 711 pessoas, assim como 29 localidades com 1.060  moradores confinados. "A situação na Galiza tem melhoria notável, há também uma melhoria ligeira nas Astúrias, mas em Castela e Leão a situação continua complicada", disse Virgina. "O trabalho é lento, mas favorável na maior parte dos incêndios", acrescentou, lembrando que as autoridades estão neste momento especialmente atentas à possibilidade de surgirem novos incêndios e à reativação dos que já foram combatidos. Barcones afirmou que nas últimas 24 horas e hoje as condições meteorológicas não são as mais favoráveis para a extinção dos incêndios, mas a previsão é de mudança e melhoria a partir desta terça-feira (26). Durante o resto da semana, a Espanha e as áreas afetadas pelos fogos continuam sob risco extremo de incêndio, com as reativações causando "muitíssimos problemas" nas últimas horas, disse Virginia Barcones. Segundo ela, tratam-se de "terríveis incêndios com evolução muito agressiva e muito complexa". "Vimos, nos últimos dias, incêndios que já estavam praticamente estabilizados, voltarem a se reativar com toda a virulência", afirmou. A coordenação do combate aos incêndios e a tutela da proteção civil na Espanha é dos governos regionais, que podem pedir meios ao estado central e solicitar a ajuda de outras comunidades autônomas. A diretora informou que os meios do Estado estão hoje nos 14 incêndios que preocupam e em dez deles há equipes da Unidade Militar de Emergências (UME), uma força especial das Forças Armadas espanholas que atua em cenários de catástrofe. São mantidos também no país meios aéreos e terrestres, incluindo equipes de bombeiros, dos Países Baixos, da República Checa, Eslováquia, Alemanha, Finlândia, França, Roménia, Grécia e de Andorra. A Espanha ativou em 11 de agosto o mecanismo europeu de proteção civil e recebeu a ajuda de nove países da União Europeia. Sob protocolos bilaterais, também combateram o fogo na Espanha nas últimas semanas equipes de Andorra e Portugal. A Proteção Civil espanhola disse que se trata do maior dispositivo de ajuda internacional que chegou ao país desde 1975. Os fogos já queimaram cerca de 400 mil hectares na  Espanha em 2025, um recorde anual, de acordo com os dados, ainda provisórios, do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS), que tem registros comparáveis desde 2006. Morreram nos incêndios quatro pessoas e, em agosto, 34.770 foram, até agora, temporariamente desalojadas. As forças policiais detiveram 46 pessoas nas últimas semanas por suspeitas de crimes relacionados com os fogos. A deflagração e a propagação dos grandes incêndios deste ano na Espanha coincidiram com uma onde de calor de 16 dias, entre 3 e 18 de agosto. A Agência Meteorológica Nacional (Aemet) disse que foi a mais severa e a terceira de maior duração já registrada no país. *É proibida a reprodução deste conteúdo.   Relacionadas Incêndios na Espanha já atingiram 343 mil hectares, recorde anual Espanha registra terceira morte no combate a incêndios