O ministro israelense das Finanças, Bezalel Smotrich, aprovou nesta quinta-feira (14) plano para construir milhares de novas habitações entre Jerusalém e o colonato israelense de Ma'ale Adumim (foto), com o propósito de "enterrar" a criação de um Estado palestino. A construção dos novos assentamentos judaicos pode isolar Jerusalém Oriental do resto da Cisjordânia ocupada. "Esta realidade enterra, finalmente, a ideia de um Estado palestino, porque não há nada a ser reconhecido e ninguém para ser reconhecido", disse o ministro de extrema-direita, na cerimônia de anúncio do plano de habitação, criticado por grupos da oposição e da sociedade civil israelense. >> Leia mais sobre a Cisjordânia na Agência Brasil O grupo Peace Now, organização israelense contrária ao estabelecimento dos assentamentos, criticou as posições do governo de Benjamin Netahyahu, incluindo o anúncio do Ministério das Finanças e do gabinete militar responsável pela gestão dos novas colônias. As autoridades militares têm ainda de aprovar o plano de construção, o que pode acontecer na próxima quarta-feira. "Estamos à beira de um abismo, e o governo está avançando a 'todo o vapor'", denunciou a Peace Now. Entenda Por vários anos, as autoridades israelenses evitaram implementar o projeto de construção na região, conhecido como E1, devido à pressão da comunidade internacional, que teme que a expansão dos assentamentos judaicos impeça o estabelecimento de um Estado palestino contíguo a Jerusalém Oriental. No entanto, desde que Benjamin Netanyahu assumiu o poder em 2022, liderando uma coligação de extrema-direita, foi aprovado um número "sem precedentes" de novos assentamentos e de apropriação de terras dos habitantes palestinos da Cisjordânia. "Este não é apenas um plano de construção, é uma mensagem sionista retumbante: uma Jerusalém unida é a nossa capital eterna, e Ma`ale Adumim é parte inseparável dela", disse Smotrich, na cerimônia. Plano O plano de Smotrich prevê a construção de mais de 3 mil casas na região e inclui também uma nova estrada para separar o tráfego palestino e israelense e ligar a cidade de Belém, na Cisjordânia, ao Sul de Jerusalém, com Ramallah, ao norte. O plano prevê que a estrada venha a contornar a cidade de Jerusalém. Embora ainda existam alguns procedimentos burocráticos a serem concluídos, se o processo avançar rapidamente as obras de infraestruturas podem vir a começar nos próximos meses e a construção das casas pode ter início dentro de um ano. Hoje, o ministro das Finanças agradeceu o apoio do Presidente norte-americano, Donald Trump, e apelou a Netanyahu para "fazer cumprir a soberania israelense" na Cisjordânia para garantir que "os líderes hipócritas da Europa não tenham nada para reconhecer" em setembro. Dois Estados No próximo mês, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, vários países, como França, Canadá, Austrália e Portugal, devem reconhecer oficialmente o Estado palestiniano. O anúncio de Smotrich ocorre no momento em que a Autoridade Palestina e os países árabes condenaram a declaração do primeiro-ministro israelense sobre a expansão territorial de Israel. Na terça-feira, Benjamin Netanyahu disse que que estava "muito apegado" à visão de um "grande Estado de Israel". Netanyahu não adiantou mais detalhes, mas os defensores da ideia de expansão defendem que Israel deve controlar não só a Cisjordânia ocupada, mas também partes de países árabes. O principal tribunal das Nações Unidas, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), declarou no ano passado que a presença de Israel nos territórios ocupados palestinos é "ilegal" e apelou à suspensão imediata da construção de assentamentos judaicos, condenando o controlo de Israel sobre as terras que conquistou há quase 60 anos. Relacionadas Israel aprova 22 novos assentamentos na Cisjordânia apesar de sanções ONU defende solução de dois Estados para conflito no Oriente Médio França vai reconhecer Estado palestino em setembro, diz Macron