Trabalhar no Brasil é uma constante desconstrução para Paulo Rocha. No ar em "Totalmente Demais", o ator de origem portuguesa até se deixa levar por seu sotaque original em momentos de descontração. Mas, de modo geral, a busca pela fala neutra e por apreender a malemolência das gírias locais é incessante. Principalmente, quando o diretor grita: "gravando!". "Me apaixonei pelo Brasil e, com sorte e muito trabalho, acabei tendo boas oportunidades por aqui. Sendo assim, encaro com naturalidade meu esforço em falar sem sotaque e não ter a limitação de viver sempre o mesmo personagem", analisa.
A atitude do ator parece estar dando certo. Pouco mais de cinco anos depois de sua estreia na Globo, em "Fina Estampa", Paulo acumula quatro novelas e um especial. No atual folhetim das sete, ele ainda tem a chance de encarar seu primeiro vilão. "A existência desse núcleo funciona como o eixo dramático da vida da Eliza (Marina Ruy Barbosa, a protagonista). Meu personagem tem a índole totalmente torpe, mas tudo o que ele pode fazer com a enteada fica mais na esfera da provocação. A minha preparação foi voltada para que tudo ficasse implícito, mas sem perder a força da cena", defende.
Natural da pequena cidade de Setúbal - localizada na região metropolitana de Lisboa -, aos 38 anos, Paulo não se recente em ter deixado uma possível carreira internacional para trás. Ele não só quer continuar fazendo novelas na Globo, como pretende investir nos palcos e no cinema brasileiro. "Não me vejo morando em outro lugar. Fui muito bem recebido pelos colegas e pelo público do Brasil. Tenho toda uma carreira para desenvolver", planeja.
Dino é seu quarto personagem em uma produção da Globo que não faz qualquer menção ao fato de o ator ser de origem portuguesa. "Aprender e exercitar o português falado no Brasil foi uma decisão totalmente minha. Me apaixonei pelo país e pelo modo como se trabalha por aqui. Em nenhum momento, falar o português daqui é um esforço. Estudo com prazer e como uma forma de investimento na minha profissão, pois a minha decisão de continuar no país veio junto com a proposta de um contrato longo com a Globo. Se eu não tivesse corrido atrás disso, seria sempre o "portuga" da novela. E não queria essa limitação", revela. ("Totalmente Demais", Globo. De segunda-feira a sábado, às 19h20).