Tipos nada ortodoxos caem bem a Sergio Guizé. Basta analisar a breve, porém intensa, carreira do ator na televisão para perceber que os protagonistas que ele interpreta nem de perto lembram o estereótipo do herói romântico. O primeiro, Gibão de "Saramandaia", tinha asas; o segundo, o Caíque de "Alto Astral", era um médium. E agora, em "Êta Mundo Bom", vive Candinho, um caipira ingênuo e simpático que só enxerga o lado bom das coisas. "Quando surgem convites para trabalhos, acho que as pessoas já imaginam que eu posso buscar um outro lugar. Se eu pudesse escolher, escolheria esse caminho de busca, de investigação do personagem", salienta.
Cria do teatro, Guizé acumula mais de trinta peças no currículo. E nunca se imaginou fazendo novelas. Até que os convites para a televisão foram aparecendo e um trabalho levou ao outro. No início, o ator se sentia um pouco desconfortável por não compreender muito bem os mecanismos do veículo. "Eu não sabia direito, me sentia meio injusto porque não era meu lugar. Mas vieram convites para personagens incríveis. Quando o papel é legal e o trabalho é legal, não tem como não fazer", explica. Depois de algumas participações na Globo, integrou o elenco de "Sessão de Terapia", do GNT, até estrear como protagonista em "Saramandaia", de 2013. "Vou me sentir aprendendo, tomara, até o último dia da minha vida. A minha casa é o teatro, tenho um pouco mais de domínio porque fiz mais, mas estou visitando essas outras casas, como o cinema e a tevê, e aprendendo", diz.
O jeito tranquilo de Sergio Guizé parece influenciar diretamente na maneira como ele encara o posto de protagonista. Sem afetações ou vaidades, o ator exalta a chance de construir a trajetória de um personagem com começo, meio e fim. E, no meio desse processo, precisa estudar bastante. "Não posso deixar a peteca cair no sentido de deixar o personagem vivo. É uma cobrança minha para tentar fazer o melhor e continuar jogando com o diretor e com o autor", afirma.
Fã de carteirinha
O trabalho em "Êta Mundo Bom!" deu a Sergio Guizé a oportunidade de conviver com um ídolo. Isso porque, na novela de Walcyr Carrasco, ele divide muitas cenas com Marco Nanini -
que vive o inventivo Pancrácio -, de quem sempre foi grande admirador. "Eu fico observando e sugando, aprendendo mesmo. Todo dia vou cumprimentar o Nanini e o chamo de 'mestre' porque estou pegando coisas ali para a vida", ressalta. ("Êta Mundo Bom!", Globo. De segunda-feira a sábado, às 18h15).