Marco Pigossi vive um sutil momento de transição em sua carreira. Aos 26 anos, o intérprete do policial Dante, de "A Regra do Jogo", começa a interpretar papéis que lhe exigem uma outra carga emocional e física de trabalho. Conhecido do grande público por personagens românticos e serenos, o ator pretende transcender seu "physique du rôle" - com um rosto de traços finos e porte de galã. Por isso mesmo, vem analisando e propondo um rumo diferente e consistente para sua trajetória. "É uma fase interessante da minha carreira. Acho que foi um ano corajoso para mim. Tentei não ir pelo lugar-comum. Tanto no teatro quanto na tevê, fiz trabalhos que me colocaram em um registro diferenciado, onde ninguém tinha me visto", aponta.
Natural de São Paulo, a carreira artística sempre chamou a atenção de Pigossi. Ainda assim, o seu caminho profissional foi se solidificando com o tempo. Afinal, desde que viveu o carismático Cássio, de ''Caras & Bocas'', a sua trajetória manteve uma crescente dentro da Globo. De lá para cá, interpretou perfis ácidos, como o "bad boy" Rafael, de ''Fina Estampa'', e o romântico Juvenal, de ''Gabriela''. Até ser alçado ao posto de protagonista em ''Sangue Bom'' ,
de 2013, e, logo depois, viver o mocinho Rafael, de "Boogie Oogie''. "As coisas aconteceram naturalmente. Um papel abriu caminho para outro. Não pulei etapas. Foi muito bom ter feito seis novelas antes do meu primeiro protagonista. Essa escada me deu segurança", afirma.
Para Marco Pigossi, boa parte de sua liberdade artística ainda se encontra no teatro. Ao longo dos anos, o ator está cada vez mais engajado em produções teatrais, onde mantém uma maior autonomia de suas escolhas profissionais. "O teatro é livre. Posso fazer uma criança ou uma velha de 80 anos. A câmara, querendo ou não, prende a gente em uma realidade rígida. Tem muito limite nesse sentido", compara.
Além disso, é no teatro que Marco consegue exercer a sua função social como ator. De acordo com ele, é responsabilidade de boa parte dos profissionais fomentar a cultura no país. "A arte tem uma função social. Temos de incentivar o público a ir ao teatro. Gosto de fazer trabalhos que causem algum questionamento no público. Procuro peças e textos que me interessem e que eu tenho alguma propriedade para falar", explica.
Riso Contido
A comédia ainda é uma realidade pouco palpável na carreira televisiva de Marco Pigossi. Mesmo após a repercussão do extrovertido Cássio, de "Caras & Bocas", o ator não voltou a encontrar o gênero em seus trabalhos seguintes. Inclusive, o divertido Merlô, papel de Juliano Cazarré, chegou a chamar a atenção de Marco durante o período de pré-produção. "Nesse momento, percebi que sinto falta de fazer tipos cômicos na tevê", explica.