As feições delicadas de Bianca Bin contribuem para sua frequente aparição em novelas de época. No entanto, a atriz não se incomoda. Até acha graça e revela certa predileção pelas tramas passadas há décadas. No ar como a sofrida Maria, de "Êta Mundo Bom!", ela percebe pontos comuns com seus últimos trabalhos - "Boogie Oogie", "Joia Rara" e "Cordel Encantado" também exibidas no horário das seis e que retratavam as décadas de 1940 a 1970. Outra semelhança é que, mais uma vez, Bianca interpreta uma mocinha clássica, do tipo que sofre muito e só consegue ser feliz no final. "Ela é uma heroína romântica. E eu adoro esse tipo. É resiliente porque acredita que vai dar tudo certo. E é um bom contraponto", explica.
Em "Êta Mundo Bom!", pela primeira vez, Bianca contracena com o marido, o também ator Pedro Brandão. Na história, Maria e Leandro são noivos. Antes de comunicar o casamento para as famílias, Pedro sofre um acidente de carro e morre. Ao mesmo tempo, Maria descobre que está grávida. "Ela decide ter esse filho, encara a família e acaba expulsa de casa", antecipa. Apesar de ter gravado pouco com Pedro, Bianca conta que foi uma das cenas mais difíceis de sua carreira. "É uma honra trabalhar com ele. Mas, ao mesmo tempo, é complicado. É uma pessoa que lê todas minhas defesas e sabe todos meus artifícios", confessa.
O lado forte e decidido de Maria foi um dos motivos que levou Bianca a aceitar o convite do diretor Jorge Fernando. "É uma história de garra e luta em um universo machista e preconceituoso", define. Feminista "de carteirinha", a atriz garante que defende direitos iguais dentro e fora do ambiente corporativo. "Eu defendo salários iguais dentro de um empresa, por exemplo, mas isso não acontece. Um dia, chegamos lá", diz, em tom crítico.
Para Bianca, a preparação para ingressar na novela não foi um processo muito complicado. "Minha sorte é que eu já havia visitado essa época e não faz tanto tempo. É o mesmo clima", jura, citando sua participação em "Joia Rara". Para ela, o fundamental nesse tipo de trabalho é o figurino. Estar em uma roupa dos anos 1940, segundo a atriz, é metade do caminho andado para "achar" a personagem. "Quando olho no espelho e me vejo com aquelas roupas, não me reconheço mais, tanto na roupa quanto na postura. Não vejo a Bianca. Vejo a Maria", explica a atriz. ("Êta Mundo Bom"!, Globo. De segunda-feira a sábado, às 18h20).