Enxergar sempre o lado bom da vida é o mote de Candinho, protagonista de "Êta Mundo Bom!", interpretado por Sérgio Guizé. Na novela que substitui "Além do Tempo" no horário das seis, o autor Walcyr Carrasco pretende mostrar um mundo mais colorido, com uma temática mais ruralista, em um tempo em que as preocupações eram menos urgentes. "Queria uma volta às raízes com drama, humor e romance. É uma novela de época, que retoma os valores e a moral e mostrar que, mesmo com problemas, há motivo para ser otimista", revela Carrasco. Para imprimir essves conceitos, o autor conta com a direção de Jorge Fernando, com quem já trabalhou em outras quatro novelas. Ambientada nos anos 1940, a história é contada na capital e no interior de São Paulo, e tem como principais fontes de inspiração o clássico iluminista "Cândido ou o Otimismo", de Voltaire, e a primeira adaptação brasileira do conto, "Candinho", filme protagonizado por Amácio Mazzaropi em 1954.
A história principal gira em torno de Candinho. Separado de sua mãe logo após seu nascimento, ele foi criado por Quinzinho e Cunegundes, interpretados por Ary Fontoura e Elizabeth Savalla. Deixado de lado por seus pais adotivos, Candinho cresce quase como um empregado na fazenda. Com a companhia inseparável do burro Policarpo, ele nutre uma paixão correspondida pela "irmã" Filomena, personagem de Débora Nascimento. "É realmente maravilhoso interpretar um cara que carrega um otimismo inabalável e muita paixão pela vida", celebra Guizé.
Expulso da fazenda por causa do romance inaceitável, Candinho é aconselhado pelo seu mentor Pancrácio, de Marco Nanini, a ir para a capital em busca de sua mãe. Na ausência do amado, Filomena acaba se envolvendo com o mal-intencionado Ernesto, feito por Eriberto Leão. "Sinto uma gratidão enorme por terem enxergado a Filomena dentro de mim. Ela é diferente de tudo que eu já fiz", diz Débora.
Enquanto Candinho procura por sua mãe com a ajuda de Pancrácio, Filomena foge para São Paulo com Ernesto. Após se entregar para ele, ela descobre que foi enganada. Sem coragem de voltar para casa, ela começa a trabalhar como dançarina no "Taxi Dancing", ao lado de Diana e Clarice, interpretadas por Priscila Fantin e Mariana Armellini. Para dar veracidade ao núcleo, os atores fizeram aulas de dança. "Dançava intuitivamente. Mas dançar como o ritmo manda não é fácil. Como estamos construindo personagens, ganhamos uma motivação que transcende às dificuldades", opina Eriberto Leão.
Além disso, parte do elenco também precisou fazer aulas de prosódia. O objetivo era que o tom "caipira" ficasse natural. "Todo mundo, por mais que suavize, tem um sotaque. Queria equalizar a forma de todo mundo falar", explica Jorge Fernando.
Cenário
Cuidadoso com o ar de realidade da trama, Jorge Fernando fez questão de usar muitas externas. As cidades de Vassouras, Teresópolis e Paty do Alferes, localizadas no Rio de Janeiro, e alguns cenários emblemáticos que ficam em São Paulo foram usados ao longo de um mês de gravação.
Nessas viagens, 100 pessoas estavam envolvidas, além de cerca de 60 figurantes locais. "Minha ideia inicial era gravar tudo em cidade cenográfica", conta Jorge Fernando. No entanto, ele achou que isso poderia comprometer o resultado final do folhetim. "Foi trabalhoso. Precisamos tirar ar-condicionado e prédios modernos do plano. Mas ficou do jeito que eu e Walcyr imaginamos", comemora o diretor.