Idealizar uma novela requer generosas doses de bom senso. Afinal, dependendo do horário previsto para exibição, assuntos mais espinhosos e personagens polêmicos ou pouco ortodoxos podem gerar algum tipo de atrito com a classificação indicativa do Ministério da Justiça. No entanto, tudo pode mudar caso a emissora decida trocar o horário das tramas. Atualmente, Benedito Ruy Barbosa e sua equipe de coautores - formada pela filha, Edmara, e pelo neto, Bruno - correm para modificar diálogos e cenas de "Velho Chico". Inicialmente pensada para ser exibida a partir de agosto do ano que vem, às 18 horas, a trama foi bem vista pela Globo, que, resolveu realocar o folhetim no horário das nove e adiantá-la para depois de "A Regra do Jogo". 
Por necessidade das emissoras ou simples adequação do folhetim à programação, produções recentes têm passado pelo mesmo processo. Na Globo, o caso mais gritante foi o de "Sete Vidas", que foi concebida para ser o primeiro folhetim inédito do horário das onze, mas acabou indo ao ar às 18 horas. "Boogie Oogie", de 2014, estava prevista para às sete e foi exibida às seis. A trama ambientada nos anos 1970 não poderia ter a liberdade de conteúdo em nenhuma das faixas. Com a troca de horário, a principal medida pelo autor Rui Vilhena foi diminuir o tom de comédia e caprichar em boas histórias de amor. 
Cansada de ver suas novelas recentes naufragarem no Ibope, após o fracasso de "Vitória", a Record resolveu recuar em 30 minutos o início de suas tramas. Amparada pela força da história e um marketing mais eficaz, "Os Dez Mandamentos" acabou agradando a um público que estava saudoso de tramas menos cínicas. A estratégia, entretanto, fez a autora Vívian de Oliveira refazer alguns capítulos, com a diminuição de sua classificação de 14 para 12 anos. (T.P.)