Os 30 anos de trajetória na televisão fazem Danton Mello compreender muito bem os mecanismos do veículo. Mas não evitam que ele fique nervoso a cada novo trabalho. Principalmente, no início. O fato soou inusitado nos bastidores de "I Love Paraisópolis'', quando o ator confessou a ansiedade antes de entrar gravar, pela primeira vez, cenas como o correto Cícero. "Estava muito nervoso e comentei com alguém, que falou: 'Espera aí, você está aqui desde criança. Não pode estar nervoso''', recorda, aos risos. Mas não demorou para tudo ficar mais calmo. "Depois que o personagem e suas relações estão construídas, começo a relaxar e vira uma brincadeira'', avisa.
Na tevê desde que estreou aos 10 anos em "A Gata Comeu'', de 1985, Danton ainda considera a comédia uma novidade em sua carreira. Apesar de, nos últimos trabalhos, ter experimentado o gênero - como em "Tá no Ar: A TV na TV'' e nos filmes "A Esperança É A Última que Morre'', de Calvito Leal, e "Vai que Dá Certo 2", de Maurício Farias -, o ator está longe de se considerar um comediante. "Não tenho essa rapidez que eles têm. Tenho ataque de riso quando eles improvisam e humorista não pode ter ataque de riso'', conclui.
Na trama das sete, Danton vive um fiscal da alfândega incorruptível, morador de Paraisópolis, comunidade em que cresceu. Apesar do perfil sério do personagem, o ator divide cenas engraçadas com Tatá Werneck, que interpreta Danda. "Estou feliz de voltar às novelas depois de tanto tempo e em uma que está indo bem, que o público está curtindo'', conta. A última participação de Danton em folhetins foi na temporada de 2012 de "Malhação''.
POP TV: Você soube que iria fazer "I Love Paraisópolis" quando ainda estava envolvido com os trabalhos de "Tá no Ar: A TV na TV". Como foi a preparação para interpretar Cícero?
Danton Mello: Na verdade, não tive tempo nenhum. Acabei o "Tá no Ar'' e fui para Campinas filmar "Vai que Dá Certo 2'', enquanto o elenco da novela estava se preparando. Depois da preparação, eles embarcaram para Nova Iorque, começaram a gravar e eu ainda estava em Campinas. Quando terminei de filmar, tive uma semana, muito pouco tempo. Aí, encontrei com o preparador de elenco Chico Accioly com a Tatá (Werneck). Mas quando tinha um tempo livre no filme, eu pensava no personagem da novela. Fui construindo aos poucos. E quando comecei a gravar, fui entrando na novela aos poucos.
POP TV: Fazer dupla com uma comediante facilita seu trabalho ou exige mais de você?
Danton: Ajuda muito. Os comediantes são muito ágeis no pensamento, eles improvisam. A Tatá cria muita coisa. Mas acho que estou um pouco escaldado também pelos últimos trabalhos que fiz com comediantes. A gente vai entendendo como funciona a cabeça deles. Eu sou um cara muito preciso com o texto, não sou de improviso. E aí se você tem uma parceira como a Tatá, não tem de fazer nada. Só receber bem e manter a "bola'' sempre boa para ela. E ela também entendeu como eu funciono. Até tem uma curiosidade. Teve uma cena que comecei a ensaiar só com o diretor e, na hora de dizer as falas da Tatá, eu dizia "blá blá blá''. O diretor se ofereceu para ler as falas da personagem dela, mas eu falei: "Não precisa ler porque ela pode mudar as coisas''. Nessa novela, eu trabalho assim: são as minhas falas e as dela eu ensaio com "blá blá blá'' porque pode vir um monte de coisas (risos). ("I Love Paraisópolis'', Globo. De segunda-feira a sábado, às 19h20).