Além de servir de plataforma para atrair publicidade, as novelas têm importante função social. E as drogas têm um lugar de destaque nesse sentido. Com tons cada vez mais realistas, as tramas contam detalhes do envolvimento com produtos ilícitos e o que esse contato íntimo acaba desencadeando. Atualmente, em "Verdades Secretas", Grazi Massafera mergulhou fundo para contar a história de Larissa. Modelo decadente, a personagem, que sempre usou drogas, acaba se viciando em crack. A atriz considera que o trabalho é um divisor de águas em sua carreira. 
Para Walcyr Carrasco, autor do atual folhetim das 23 horas, a ideia era retratar exatamente o que acontece quando se entra para o mundo do crack. "Antes de começar a escrever, tive uma reunião com a emissora mostrando como a história iria se desenvolver", garante ele. 
A liberdade encontrada por Walcyr Carrasco não foi a mesma que Lauro César Muniz teve em "Poder Paralelo", exibida pela Record em 2009. Em uma trama que falava sobre o tráfico e a relação dos usuários de drogas, o autor lembra que teve muitas cenas cortadas pela direção da emissora. Segundo ele, ainda existem temas difíceis na teledramaturgia. "Depende muito do horário de exibição e da forma que você quer mostrar. Com as restrições que tive, preferi enfatizar a consequência do uso do que o ato em si", garante Lauro.
Para viver personagens viciados, os atores precisam ter uma preparação especial. Em "O Clone", novela de Glória Perez de 2001, Débora Falabella interpretou a problemática Mel. "Participei de reuniões do Cead (Conselho Estadual Anti-Drogas). Foi intenso, pesado e bastante difícil", relembra a atriz. Antes dessa preparação específica, ela também teve acesso a uma coletânea de depoimentos de dependentes químicos reunidos por Glória Perez. Trabalho parecido teve Cauã Reymond em "Passione", de 2011. Na trama de Sílvio de Abreu, seu personagem, Danilo, começou como um atleta. Mas se envolveu com o crack. (T.P.)