Celebrado na última quarta-feira, 31 de maio, o Dia Mundial Sem Tabaco é uma importante data cunhada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para conscientização dos males advindos do tabagismo. No Estado de São Paulo, porém, os novos cigarros eletrônicos preocupam profissionais de saúde pela capacidade em atrair o público adolescente, gerando uma infinidade de malefícios que podem levar a morte.

Segundo o cardiologista e integrante do Programa Estadual do Controle do Tabagismo da Secretaria de Estado da Saúde, Dr. Carlos Henrique M. Costa, o controle do tabagismo avançou muito no país nos últimos 30 anos, quando os fumantes representavam 30% da população e agora, 10%. No entanto, ele alerta para um outro problema: "Assistimos com preocupação a chegada do cigarro eletrônico que tem seduzido os jovens e, infelizmente, apesar da proibição da comercialização, propaganda e importação, as pessoas adquirem facilmente esse produto que é extremamente tóxico".

O médico avalia que a incidência entre os adolescentes é um reflexo da falta de conscientização. "Percebemos que os jovens estão carentes de informação a respeito da toxicidade do cigarro eletrônico, porque do outro lado existe toda uma estratégia de marketing, com influenciadores digitais mostrando e propagando que o cigarro eletrônico é menos prejudicial, quando, na verdade, ele é tão prejudicial quanto qualquer forma de uso de tabaco", salientou.

De acordo com Dr. Henrique, o produto, que também possui nicotina, substância responsável por causar dependência, é, muitas das vezes, a porta de entrada para o tabaco. Somado a isso, ele ressalta que não há comprovação de que o cigarro eletrônico possa ajudar o fumante do cigarro convencional a abandonar o hábito. "Ele mantém a dependência física, comportamental e psicológica. Cigarro eletrônico é cigarro, e cigarro mata", ressalta o especialista.

Contaminação e risco à saúde

Mesmo para os fumantes casuais, segundo o cardiologista, a exposição à vaporização é acompanhada de cerca de 2 mil substâncias tóxicas inaladas que agridem o pulmão e inflamam os vasos seguíneos. Consequentemente, o sujeito pode adquirir diversos quadros preocupantes, como a Síndrome de Angústia Respiratória Aguda, podendo levar à morte, e o aumento dos riscos de infarto.

Por se tratar de um produto relativamente novo no mercado, ainda não foi possível mapear todos os malefícios que o cigarro eletrônico pode trazer, de acordo com o cardiologista. "Muitos outros problemas ainda serão descritos com o passar dos anos", disse.

O médico alerta também os fumantes passivos, que inalam a fumaça do cigarro por conviveram com quem é tabagista. Segundo ele, o mais grave é que essa fumaça sedimenta e vai para o chão, e muitas vezes uma criança que engatinha vai se contaminando com esses produtos."Há um dado da OMS (Organização Mundial da Saúde) de que aproximadamente 1 milhão de pessoas morrem, por ano, pela exposição passiva da fumaça do cigarro. E dessas, cerca de 60 mil são crianças", complementou Dr. Henrique.

Outros desafios

Outra tendência que preocupa o médico é em relação ao cigarros, mesmo que tradicionais, mas com diferentes sabores. "Essa é uma estratégia poderosa. Se tenta disfarçar o sabor desagradável do cigarro e seduzir os jovens. Se associa ainda aos sabores de frutas como uma questão saudável. Há pouco surgiu cigarro eletrônico com vitaminas, tentando mostrar que é saudável, quando na verdade sabemos até dos riscos dessas próprias vitaminas", destacou.

*Texto supervisionado pelo editor