Com a chegada das férias escolares em julho, cresce o número de brasileiros que precisam decidir o que fazer com seus animais de estimação durante as viagens. Entre deixar o pet em um hotel especializado ou levá-lo junto no avião, o planejamento é indispensável para garantir segurança e bem-estar. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o setor pet movimentou cerca de R$ 60 bilhões em 2023, com destaque para os serviços de hospedagem e cuidados diários.
A recomendação para quem opta por deixar o animal em um hotel é visitar o local antes de fechar a reserva, observando limpeza, organização, segurança e qualificação da equipe. “Os melhores espaços oferecem ambientes climatizados, áreas de lazer separadas por porte e comportamento, supervisão constante e profissionais treinados em comportamento animal”, explica André Faim, empresário do setor pet e cofundador da rede Lobbo Hotels (site oficial ou a página no Instagram).
Ele alerta que, especialmente em julho, é comum encontrar hotéis lotados. Por isso, a reserva antecipada é fundamental. “Planejar com antecedência dá tempo para apresentar o pet ao ambiente e à equipe, o que reduz o estresse e melhora a adaptação”, reforça.
Outro ponto de atenção é a nova Lei Joca, sancionada em março de 2024, que regulamenta o transporte aéreo de animais domésticos no Brasil. A legislação determina que as companhias aéreas ofereçam acomodações seguras e confortáveis para cães e gatos e obriga que a tripulação esteja treinada para lidar com emergências envolvendo animais. A medida foi batizada em homenagem ao golden retriever Joca, que morreu após erro no transporte de uma companhia aérea em 2024.
Para os tutores que optam por levar o pet na viagem, seja na cabine ou no porão do avião, a recomendação é iniciar o processo de adaptação semanas antes. “Familiarizar o animal com a caixa de transporte, manter a vacinação em dia e consultar um veterinário sobre a possibilidade de uso de medicamentos calmantes são etapas essenciais”, diz Faim.
Além disso, cada companhia aérea possui suas próprias regras. Algumas limitam o número de animais por voo, enquanto outras têm restrições de peso e exigem laudos médicos. A antecedência no agendamento é crucial para garantir a vaga.
No caso de cães de grande porte, que viajam no compartimento de cargas, o empresário recomenda verificar se a área do porão é pressurizada e climatizada. “Nem todas as aeronaves oferecem essa condição. É preciso ter certeza de que o transporte será seguro, especialmente em voos longos”, alerta.
Já para quem escolhe hotéis para pets, os cuidados não se limitam à estrutura física. Avaliar a rotina de atividades, a alimentação oferecida, a presença de veterinário e os protocolos de segurança são medidas indispensáveis. “O tutor deve perguntar sobre a socialização dos animais, como são feitas as interações, se há enriquecimento ambiental e acompanhamento em tempo real por câmeras”, afirma Faim.
A presença de profissionais treinados é outro critério decisivo. A plataforma Trabalhe pra Cachorro, também co-fundada por Faim, oferece capacitação para profissionais do setor e defende que a formação em comportamento animal e primeiros socorros deve ser pré-requisito em qualquer creche e hotel pet. “A qualificação da equipe impacta diretamente no bem-estar e na segurança dos animais durante a estadia”, pontua.
Para animais mais sensíveis, como gatos ou cães idosos, é importante buscar locais que ofereçam espaços individuais e um manejo adaptado. “Cada pet tem um perfil. A personalização do atendimento evita situações de estresse e melhora a experiência”, destaca.
Com o aumento da humanização dos animais e a ampliação do mercado pet, cuidar do planejamento das férias com pets não é mais um luxo, mas uma responsabilidade. Seja deixando o animal em hospedagem especializada ou levando junto na viagem, o essencial é garantir que ele esteja seguro, confortável e bem cuidado. Como resume Faim: “Pet feliz, tutor tranquilo”.
O que observar antes de contratar um hotel para cães
Especialistas recomendam atenção a sete aspectos fundamentais na hora de escolher uma hospedagem para o pet:
- Visita presencial ao espaço
Antes de fechar a reserva, conheça pessoalmente o local. Avalie a estrutura física, a ventilação dos ambientes, os materiais utilizados nas áreas internas e externas e a disposição dos espaços de descanso, alimentação e recreação. - Limpeza e higiene
Ambientes limpos, sem odores fortes, acúmulo de sujeira ou presença de fezes e urina são indícios de uma boa rotina de higienização. Também é importante verificar os produtos de limpeza utilizados e se há protocolos regulares de desinfecção. - Supervisão profissional
Verifique se há cuidadores presentes durante todo o período de hospedagem, inclusive à noite. A presença contínua de profissionais capacitados garante que qualquer alteração de comportamento ou emergência será prontamente atendida. - Equipe qualificada
Os profissionais devem ser treinados em comportamento animal, primeiros socorros e manejo seguro. Pergunte sobre a formação dos colaboradores e se há veterinário de plantão ou disponível em caso de necessidade. - Rotina e socialização
É importante saber se o hotel promove atividades físicas e interações supervisionadas entre os animais. Para cães mais tímidos ou com restrições, certifique-se de que há opção de rotina individualizada. - Monitoramento por câmeras
A possibilidade de acompanhar o pet em tempo real por câmeras traz mais segurança para o tutor. Muitos hotéis oferecem esse serviço por meio de aplicativos ou links protegidos por senha. - Atendimento personalizado
Cães idosos, com restrições alimentares, em tratamento ou com histórico de ansiedade precisam de atenção diferenciada. Pergunte se o local tem experiência com perfis especiais e como adapta a rotina nesses casos.