Por todo o século XX, particularmente em sua segunda metade, experimentamos um intenso desenvolvimento tecnológico e, consequentemente, profundas transformações que impactaram nosso comportamento. A automatização industrial acelerou o processo de fabricação, permitindo um intenso aumento e diversificação da produção.
Foi um período de consolidação das grandes metrópoles que passaram a concentrar multidões. Aceleramos nosso ritmo de vida e passamos a criar necessidades de consumo. Procuramos satisfazer essas necessidades com novos bens de consumo que são vendidos com a promessa de deixar a vida mais prática.
Assim, passamos a conviver com a produção de uma gama diversificada de produtos que aparentemente nos dá comodidade. Mas o excesso de comodidade produz, como sua consequência direta, o aumento do sedentarismo. A massificação do uso do carro, elevador, escada rolante e do computador são exemplos de um comportamento que contribui para que as pessoas reduzam suas atividades físicas.
A adoção de hábitos e costumes que contrariam nossa natureza, aliado ao intenso estresse imposto por uma sociedade extremamente competitiva acaba, muitas vezes, tornando precoce a incidência de determinados males como o derrame e o infarto.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), hoje cerca de 70% das doenças estão relacionadas direta ou indiretamente ao estilo de vida. E de acordo ainda com a OMS, a atual geração de crianças deverá viver menos que seus pais, em função do avanço de determinadas doenças.
A violência que se instalou nos espaço urbano é um desses males da contemporaneidade. Até porque ela existe ou como consequência das profundas desigualdades sociais ou, em uma escala menor, mas crescente, como resultado do enfraquecimento dos valores sociais voltados à vida humana. Nesse caso, os jovens são as maiores vítimas.
Nosso estilo de vida compromete de forma muito desastrosa o meio ambiente, interferindo na qualidade de vida das gerações atuais e futuras.
Afonso Pola é sociólogo e professor.