A geração atual crédula demais aceita afirmações midiáticas apressadas dos que se fazem mestres, vestidos de diplomas e títulos que nos intimidam contestar diante de tanto "saber". Estamos perdendo a carapaça resistente feita dos valores morais e espirituais transmitidos pelos nossos antepassados; há na maioria uma indolência mental que se agrada de receber sem pesquisar e, portanto, sem conhecimento adequado para discordar. Elegemos como verdade pensamentos filosóficos cheios de brechas relativistas eivadas de confusão quando se mistura a discutível liberdade de expressão com o que chamam de politicamente correto.

Desde os antigos chineses os seus ideogramas sempre fascinaram os estudiosos pela riqueza de interpretação. O Yin e o Yang, as duas forças opostas, revelam o ciclo da vida aumentando a energia desde o despertar do dia e diminuindo no entardecer quando anuncia a noite. Um dos mais fascinantes conceitos do povo chinês é como eles concebem o futuro. Eles se veem caminhando para o futuro de costas, olhando o passado. Parece estranho, no entanto, faz sentido, o passado permanece no campo de visão e podemos vê-lo mentalmente; o futuro, porém, está oculto de nossa vista, como se na verdade estivesse atrás das nossas costas.

A ideia ocidental do futuro é diametralmente oposta a dos chineses; falamos de enfrentar o futuro dando as costas para o aprendizado do passado. O Presidente Ronald Reagan, em discurso proferido em 1986, usou a expressão "voltar para o futuro" querendo dizer que já nos demoramos muito no passado. Infelizmente, não temos aprendido com suficiência as lições do passado e reincidimos os mesmos erros no presente. Tecnologia e Ciência não formam o caráter do homem nem conhecimento se define como sabedoria. A memória do passado é a nossa melhor herança, pois é dela a raiz da nossa cultura moral e ética. A razão filosófica nos oferece o "Deus Desconhecido", a fé nos conduz ao Deus Revelado que é a raiz de todas as coisas que deram origem a Cultura.


Mauro Jordão é médico.